"Sempre achei o termo 'primeira-dama' antiquado", fala Edna Jatobá

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 04/09/2016 às 6:30
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A série de entrevistas com os companheiros dos candidatos à Prefeitura do Recife - leiam-se cinco possíveis primeiras-damas e um possível primeiro-cavalheiro - segue com a socióloga Edna Jatobá, de 34 anos, companheira de Edilson Silva, candidato do PSOL. Na foto acima, Edna está com o filho Francisco, de 2 anos. Foto: Éric Gomes/Divulgação

Pra você, qual é a importância da companheira durante a campanha? Ela ajuda a vencer uma eleição?

Com a presença de filhos e filhas na relação, especialmente pequenxs [sic], é natural que caiba a quem não está em campanha, seja o companheiro ou a companheira, assumir mais cuidados com as crianças, já que a rotina de quem está em campanha é absolutamente corrida e frenética. No meu caso, procuro me dividir para reforçar o suporte em casa, garantindo que a rotina das crianças seja afetada apenas dentro do que for imprescindível. Esse tipo de envolvimento acaba por propiciar mais tranquilidade para quem se lança numa corrida eleitoral.

Por outro lado, acho muito importante a participação da companheira ou do companheiro na construção de propostas, no diálogo constante sobre a conjuntura política da cidade e na avaliação dos limites e possibilidades da campanha. Acho muito dispensável a participação do cônjuge ao lado de seu marido ou esposa candidato se for apenas de maneira figurativa, se for para mostrar ao eleitorado que aquela é uma pessoa “de família”.  Na verdade, acho bem patético.

Qual é, hoje, o papel da primeira-dama?

Sempre achei o termo “primeira-dama” antiquado. É como se não levasse em conta os planos pessoais, inclusive os de carreira da pessoa que, por acaso, é esposa de alguém que concorre ao Executivo. Sempre me trouxe a ideia de subordinação. O que tem que estar muito definido, neste caso, é o papel do prefeito, ou prefeita. O papel da primeira-dama será o que ela quiser. É obvio que naturalmente, mais em função de afinidades programáticas, e de visão de mundo, a “primeira-dama” pode e deve exercer um papel mais altivo na concretização de um plano de governo.

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Caso Edilson Silva seja eleito, como conciliará a função de chefe de família com o trabalho e a vida pública?

Da maneira como atualmente dou conta de todas as minhas ocupações: com muita disciplina e responsabilidade.

Tradicionalmente, a atuação da primeira-dama está ligada à assistência social. Qual causa você abraçaria?

Infelizmente nossa sociedade é muito cruel com nós mulheres. É como se nos imputasse sempre menos capacidade técnica, de gestão... como se não estivéssemos preparadas para lidar com outras questões que não as vinculadas à assistência social, educação e cultura. Sempre reforçando (erroneamente) que nosso forte deve ser o olhar sensível e maternal sobre as mais diversas questões, entendendo inclusive a assistência social ,neste caso, ao meu ver, de maneira bastante distorcida.

No meu caso, desde cedo sempre fui militante dos Direitos Humanos, e sempre acompanhei a política de Segurança Pública muito de perto. Atualmente sou vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, e componho a coordenação colegiada do Movimento Nacional de Direitos Humanos em Pernambuco.  É uma área pela qual tenho muita paixão. Independente de ser ou não primeira-dama, esta tem sido “a causa” que eu abraço já há algum tempo.

Há uma primeira-dama que lhe seja referência?

Há mulheres muitas que me servem de referência, coincidência ou não, nenhuma delas é ou foi primeira-dama.

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