"Quero que seja campeão dentro e fora do tablado", diz Ângelo Assumpção sobre Arthur Nory

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 15/08/2016 às 21:18
A goleira recifense Bárbara sofreu
Caso de racismo envolvendo Ângelo Assumpção e Arhur Nory veio à tona em 2015 - FOTO: A goleira recifense Bárbara sofreu

O ginasta Arthur Nory, 22 anos, medalha de bronze no salto, subiu ao pódio, domingo (14), sob olhares enviesados e aplausos a menos: um capítulo infeliz de 2015, escrito por ele mesmo, reverbera na vida e na carreira do atleta. À época, num vídeo publicado no Snapchat, Nory, branco, causou humilhação ao ginasta Ângelo Assumpção, 20 anos, negro. "Seu celular quebrou: a tela quando funciona é branca; quando ele estraga é de que cor? O saquinho do supermercado é branco; e o do lixo? É preto!", diz Nory na gravação, aos risos, no que seria uma brincadeira - com conteúdo racista, porém.

No vídeo, Ângelo aparece visivelmente constrangido, como alvo de Nory e dos ginastas Fellipe Arakawa e Henrique Flores, que estavam junto e participaram. Pelo episódio, divulgado por O Globo, os três foram suspensos pela Confederação Brasileira de Ginástica e gavaram um novo vídeo pedindo desculpas a Ângelo, que aceita alegando ter entendido como uma brincadeira entre amigos, de mau gosto, mas sem cunho racista. O caso ainda foi julgado pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, que realizou oitiva dos quatro e arquivou, sem denúncia.

Print de post no Instagram à época das desculpas Print de post no Instagram à época das desculpas

Após a medalha de domingo, Nory falou sobre o episódio ao O Globo, quando disse se arrepender até hoje, inclusive porque o caso lhe deixou sem patrocínio: "Todos cometem erros. Eu cometi, mas realmente me arrependi. Sofri muito e me arrependo até hoje, porque estou sem patrocínio, nada", disse ele, que é atleta da Aeronáutica e, por isso, recebe a Bolsa Pódio.

Ângelo, quando perguntado sobre o caso pela Folha de S. Paulo, comentou: "O que eu mais quero é que ele seja um campeão dentro e fora do tablado. Queira ou não, as pessoas se espelham nele". O atleta, aliás, disse que os dois continuam amigos e que não competiu na Rio 2016 por terem preferido atletas com mais chance de ganhar medalhas, apesar dele ter sido ouro na Copa do Mundo de SP, em 2015.

Nova vítima

bar A goleira recifense Bárbara foi alvo de postagem racista de um conselheiro federal de Administração

Na sexta-feira (12), uma nova ocorrência racista veio à tona num comentário de um membro do Conselho Federal de Administração (CFA), entidade que regulamenta a profissão de administrador no Brasil. O conselheiro do Acre, Marcos Clay, escreveu no Facebook a seguinte mensagem em referência à goleira da Seleção Brasileira Feminina de Futebol, a recifense Bárbara: "Eu odeio preto, mas essa goleira do Brasil tinha chance". Quando amplamente repudiado, ele apagou o post e escreveu outro em que tentava, em vão, se explicar: "O preconceito está na cabeça de pessoas fracas!". O CFA emitiu nota em que manifesta repúdio.

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