Em tempo de crise, brechós online crescem e são a grande aposta das jovens

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 06/08/2016 às 15:30
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Desde o surgimento de sites como Enjoei, Mercado Livre, Garimpário e OLX, a venda online de produtos usados vem crescendo, afinal quem não tem aquela peça que comprou, mas se arrependeu pouco tempo depois? Praticar o desapego, reaproveitar e até trocar itens pouco usados são algumas tendências que estão em alta, principalmente em tempo de crise. E com a praticidade das redes sociais, tudo ficou ainda mais fácil.

É só caminhar pelo Instagram, por exemplo, que você consegue perceber algumas lojinhas virtuais, tudo feito sem gastar nada - e sem o custo adicional dos sites. Quem pensa que só o número de pessoas que querem desapegar aumentou pode estar bem enganada. O jovem mercado também agrega muitos compradores que buscam aquela peça de roupa legal, só que mais acessível.

Para Verônica Ribeiro, gestora de Projetos de Economia Criativa do Sebrae, essa área cresceu com o momento econômico atual. "É uma tendência porque, primeiro, com a crise, as pessoas não têm tanto dinheiro para comprar coisas novas, e encontra uma oportunidade nesse negócio. Já era uma moda na Europa devido às estações bem definidas e foi adotada por aqui. Existe um nicho nesse ramo, de pessoas que também querem comprar coisas antigas", analisa.

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A estudante de Direito Rebeka Kreibich, dona do Insta @Closetdabeka, começou a vender há três meses e, em pouco tempo, já percebeu o resultado, tanto que, atualmente, comercializa peças de outras pessoas. "A ideia inicial era vender roupas minhas, porque eu tinha muita coisa que não usava e queria desapegar. Acabei vendendo tudo. Então, depois disso fui pegando peças de umas amigas e vendendo", disse.

Já no caso do @Bzar.Virtual, a ideia começou com quatro amigas que tinham roupas mais descoladas e incomuns das que normalmente são vendidas no Recife, onde moram, mas não usavam. Jessica Muniz, uma das integrantes, conta que o Instagram exigiu maior dedicação e tempo, devido ao aumento da demanda. Sobre as vendas, ela afirma: "Nosso giro é bastante rápido, geralmente vendemos logo após um dia de postagem e também já temos várias clientes fidelizadas. O mercado tem muito potencial, principalmente pela situação econômica do país".

Para Juliana Markan, do @OldButGold, o mesmo aconteceu. Eram três amigas que também tinham muitas roupas e não sabiam ao certo o que fazer. Ela e mais duas amigas criaram a conta e se reúnem duas vezes por semana para organizar os looks. Cada uma das garotas cuida de uma parte do negócio. "Cada uma é responsável por uma área, uma por planilha, outra por captar clientes, enquanto a outra edita as fotos e posta", afirma Juliana, que também é dona de uma loja física.

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Seleção das peças

Assim como toda loja, as roupas que são vendidas nos brechós online passam por uma curadoria. "Faço a seleção das peças, se estão em bom estado ou não. O que eu levo muito em consideração é o que combina com o perfil dos meus seguidores," revela Rebeka, que chegou a achar que as pessoas teriam preconceito pelas peças serem usadas. "Me surpreendi com a demanda: consegui criar uma confiança grande. Tanto que eu já tenho clientes fixas e já mandei para cidades de outros estados", completou a estudante.

Jessica Muniz também destaca a importância da seleção do que será. "É válido lembrar que somos criteriosas na seleção, escolhendo os modelos mais atuais, pois sabemos o que vende ou não. As que não aceitamos, sugerimos que enviem para doações", afirma.

"Para quem está empreendendo nessa área, é preciso observar a procedência, a higienização, como a utilização de um serviço de lavanderia. O brechó não é algo informal, é um empreendimento que deve ser observado. Apesar da gente não ter essa cultura, eu acho que essa moda tem um grande potencial", aponta Verônica.

O Social1 separou alguns brechós. Confira:

Out But Gold

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Peças de Luxo

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Brecho Chic Recife

Para Nair, do @BrechoChicRecife a ideia veio de uma amiga. Juntas, as duas criaram a conta e foram vendendo os produtos, sem tanta obrigação de horário ou frequência, já que ela estuda para concurso.

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Amigas Brechó

O @AmigasBrecho, um dos primeiros do Recife, foi criado por Mariana Machado e suas amigas em 2014, que também perceberam a mesma coisa: tinham muitas roupas que não usavam. "Criei a conta e compartilhei a senha com minhas amigas próximas. Somos cerca de 20 meninas que postam seus produtos e estabelecem o valor por conta própria", disse.

Para ela, as vendas são um sucesso. "Chegamos a vender quase 100% dos itens postados, fazendo o serviço de entrega na casa dos clientes na maioria das vezes. Esta foi uma ferramenta importante para nós, diante da crise, e também para os clientes, porque promovemos a possibilidade de adquirir uma peça bacana, de marca e com o valor mais baixo", completa Mariana.

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Peguei Bode

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