Padre Marcelo Rossi lança livro sobre alimentação saudável; a gente folheou e fala sobre a publicação

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 29/03/2016 às 20:37
2R290316023 FOTO:

Fotos: Ricardo B. Labastier/JC Imagem Fotos: Ricardo B. Labastier/JC Imagem

O padre Marcelo Rossi passou pelo Recife, nesta terça (29), para divulgar e autografar seu último livro, Ruah - Quebrando os paradigmas de que gordura é saúde e magreza é doença, em evento organizado pela Livraria Saraiva no shopping RioMar. Acompanhado pelo pai, Antônio, o sacerdote começou a receber seus fiéis-fãs por volta das 14h30, quando quase mil pessoas já se acumulavam com livros em mãos - vendidos por R$ 20, com 96 páginas. Os primeiros admiradores haviam chegado às 20h da segunda-feira.

É o primeiro livro do padre que não trata de religiosidade. Embora ele estabeleça uma relação: conta que ruah, palavra do hebraico, significa sopro de vida, espírito, e que o contato com esses significados levou-o à consciência de que dentro do corpo da gente há um sopro divino: "Deus nos habita e, por isso, precisamos cuidar de sua casa". Alimentar-se bem é, então, cuidar do corpo que é a casa de Deus.

Em "Meu Testemunho" relata o problema que teve com peso: em 2013 chegou aos 129kg, sobretudo devido a efeito colateral de anti-inflamatórios e analgésicos que tomava desde 2010 para dores na lombar. Na pressa por emagrecer adotou uma dieta maluca à base de alface e hambúrguer light de peru. Chegou aos 65kg. As dores passaram, mas estava desnutrido e perto da anorexia.

O mote da publicação - alimentação saudável - tem deixado nutricionistas de orelhas em pé. A preocupação é a mesma dispensada a blogueiras e instagrammers fitness que vivem a divulgar dietas e treinos para a pessoa perder peso e ficar esbelta, sem terem formação acadêmica para tal. E há mesmo que se ter cuidado: a influência que um padre, ainda mais famoso, assim como uma musa fitness exerce sobre seu público é demais, e tratar de saúde é tarefa para especializados.

Marcelo Rossi, no entanto, até se autorreprova por ter salpicado uma dieta ao invés de recorrer a um nutricionista. E, para não repetir o erro, não apresenta dietas no livro, mas sai pincelando sobre assuntos ligados à alimentação: alerta contra anorexia, bulimia e dietas radicais; ensina a calcular o Índice de Massa Corporal (IMC); fala sobre funcionamento intestinal, alimentos termogênicos, glúten, adoçantes; incentiva a substituir sal por ervas, arroz branco por integral, tomar água, comer devagar...

No capítulo final traz receitas, como um anexo de culinária, mas nada muito novo: sanduíche de ricota temperada ou bolo integral de banana para o café da manhã; frango grelhado ou panqueca integral de ricota e espinafre para o almoço; peixe branco assado com legumes ou sopa de lentilha no jantar. E cultiva nos leitores o sonho, misturado a fé, de que é possível eliminar dores e remédios com uma boa alimentação.

A fusão de dicas saudáveis com receitas, como se fosse um bloco do programa Bem estar mais um bloco do programa Mais você, aliado à promessa de eliminação de remédios e dores pela alimentação, num livro rápido, é, sem dúvida, uma fórmula de sucesso editorial, principalmente entre fiéis que estão pertinho da terceira idade ou que nela já chegaram.

O subtítulo (Quebrando os paradigmas de que gordura é saúde e magreza é doença) denuncia esse público-alvo. Explica-se: uma criança gordinha, hoje, não é mais exemplo de criança saudável. Mas era, para a geração daqueles que agora são avôs e avós. É sobre os corpulentos que, em geral, recaem preocupações públicas com a saúde, e não sobre os magros. De toda forma, o justo é não associar magro ou gordo a saudável e não saudável, ou vice-versa. Saúde é para especialistas.

Últimas notícias