SPFW anuncia próxima temporada e uma revolução para 2017

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 27/03/2016 às 15:00
SPFW - Foto: Divulgação
SPFW - Foto: Divulgação

A temporada de semanas de moda no Brasil começa com o Minas Trend, de 4 a 7 de abril, em Belo Horizonte. O Dragão Fashion, em Fortaleza, ocorrerá exatamente um mês depois - de 4 a 7 de maio. Entre um e outro está agendada a 41ª temporada da mais esperada, a São Paulo Fashion Week, de 25 a 29 de abril, na Fundação Bienal, no Parque Ibirapuera.

Ainda não foi divulgado o line-up das grifes na SPFW. Sabe-se que a Animale - que desfilou em outubro com assinatura do estilista baiano Vitorino Campos - estará de fora. A grife optou por guardar pólvora para a temporada de outubro, quando vai festejar 25 anos lançando coleção na passarela e, simultaneamente, nas lojas.

A marca vai antecipar o que será uma premissa: Paulo Borges, idealizador e organizador da semana de moda paulista, a partir de 2017 só permitirá desfiles de coleções que logo em seguida fiquem disponíveis pra compra. O tal formato, chamado see-now-buy-now (“veja agora, compre agora”), ganha força na indústria da moda no mundo: foi praticado pela Burberry, na Semana de Moda de Londres, e outras internacionais, como Tom Ford, Tommy Hilfiger e Diane von Fürstenberg, sinalizaram que vão aderir.

O tal formato see-now-buy-now estaria a serviço da demanda da geração IWWIWWIWI (I want what I want when I want, que se traduz por “eu quero o que eu quero quando eu quero”), acostumada a fazer compras com um clique no mesmo smartphone em que acompanha desfiles e lançamentos por redes sociais e aplicativos. E, por isso, indisposta a esperar seis meses para ter uma roupa que acabou de ver na passarela.

Há resistência: Miuccia Prada, que comanda a Prada e a Miu Miu, em entrevista à revista WWD, refletiu sobre todo o processo de produção (a criação de tecidos, que leva dois meses, mais dois para a produção, a apresentação aos jornalistas e lojistas...). "Até o momento, nós não conseguimos ver um sentido para isso (...) É menos criativo e menos interessante. É verdade que a criatividade está em risco. Ou então você terá que bloquear a comunicação, o que seria contra a tendência. Todos devem ficar em silêncio durante quatro meses, desde os produtores de tecidos até os compradores e jornalistas? Ainda estou para entender como isso pode funcionar", desabafou.

No caso da SPFW, a apresentação das peças em showrooms para imprensa e lojistas será mantida. Fala-se, porém, numa política de embargo de informações, que precisará ser definida pelo mercado, para que os compradores e os jornalistas não vazem informações até os desfiles. Estes não mais ocorrerão nos meses de abril e outubro, mas sim em fevereiro e julho, alinhados ao mercado varejista. As temporadas também não estarão mais  associadas ao inverno e verão. “O desejo de consumo está ligado à emoção, não à estação. Essa nomenclatura não faz mais sentido", disse Paulo Borges à Vogue.

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