Elis Regina: a eterna voz da MPB completaria 71 anos

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 17/03/2016 às 10:41
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Ela era pequena, tinha um pouco mais de um metro e meio. Dona de temperamento forte e de uma sensibilidade inexplicável, Elis Regina sabia se entregar, viver a canção, palavra por palavra. Até quem não pode conhecer a cantora sabe: ela não era comum, não era como todas as outras mulheres da sua época.A carreira de uma das grandes artistas brasileiras estava no momento perfeito até que, aos 37 anos, a voz que fascinava se calou. A jovem artista que morreu em 1982, em consequência de uma mistura de remédios para dormir e álcool, completaria 71 anos hoje, nesta quinta-feira conturbada.

Até hoje a Elis é lembrada e não poderia ser diferente. A cantora marcou a década passada e foi, sem dúvidas, uma das principais vozes que MPB já viu. "É pau, é pedra" viver sem as emocionantes canções da artista. Em breve, a trajetória da humilde jovem chegará aos cinemas com a atriz Andreia Horta no papel principal e a participação de Nelson Motta no roteiro. Outra novidade é a biografia Elis  – nada será como antes, do jornalista Júlio Maria. Para completar, Elis, o Musical, aporta no Recife com duas apresentações no Teatro Guararapes, dias 2 e 3 de abril.

Você sabia? 

Por duas vezes, Elis desistiu de desenvolver sua carreira internacional na Europa por saudades dos filhos e do Brasil.

Elis foi diretamente investigada pelo DOPS, órgão de repressão da ditadura militar, e chegou a ser intimada para depor nesse departamento, devido a sua ligação musical com o movimento negro norte-americano (evidenciada pela gravação da canção "Black is beautiful", em 1971).

Elis já foi reprovada por Tom Jobim, durante as audições para o disco Pobre Menina Rica, sob a alegação de que ela ainda era muito provinciana. Exatamente dez anos depois, os dois gravaram o disco Elis & Tom, histórico registro da MPB.

Alguns compositores ficavam receosos de gravar suas próprias canções após Elis as ter interpretado, tão forte era a marca de seu registro. Gilberto Gil, após vê-la cantando "Se eu quiser falar com Deus" em um show, se perguntou: "Como é que eu vou cantar essa música agora?"

Elis era espírita, estudiosa de Allan Kardec e chegou a psicografar cartas.

Após se apresentar no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, em 1979, Elis era chamada pelo público e pela crítica europeus de "a nova Ella Fitzgerald". Antes de se apresentar, Elis teve uma crise de choro ao se lembrar que ela, filha de lavadeira, iria se apresentar no mesmo palco que os grandes gênios da música mundial.

Pouco tempo antes da sua morte, Elis começava a preparar um novo disco. Anotações na agenda da cantora traziam lista do que podia ser o repertório de seu novo trabalho, com músicas de Milton Nascimento (Nos bailes da Vida, Tudo que você podia ser) e Tom Jobim (Falando de amor).

Para finalizar:

 

 

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