Escolas do Rio: quem fez o melhor samba-enredo?

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 04/01/2016 às 13:22
A capa do CD deste ano
A capa do CD deste ano

Flávio Batista

Especial para o Social1

O ano virou, Carnaval está chegando, e para quem gosta de um ziriguidum, essa é uma época bem gostosa, de ir esquentando os tamborins para a folia. E isso inclui aprender os sambas que farão a festa na Marquês de Sapucaí, no domingo e na segunda-feira de Carnaval. São 12 escolas no Grupo Especial do Rio de Janeiro e, a partir de agora, seguindo a ordem das faixas no CD, o Social1 faz uma análise das composições que integram uma das melhores safras dos últimos anos.

A capa do CD deste ano A capa do CD deste ano

Beija-flor

Atual campeã do Carnaval carioca, a Beija-flor de Nilópolis abre o CD com um samba em homenagem ao Marquês de Sapucaí, que dá o seu nome à Avenida dos desfiles. O ponto forte da composição é a melodia, que envolve desde a primeira ouvida, o que compensa a letra um tanto burocrática. E o que é quase "chover no molhado": Neguinho da Beija-flor nos brinda com sua interpretação sempre competente.

Salgueiro

Três vezes vice-campeão nos últimos quatro anos, o Salgueiro tem - pelo menos no quesito samba-enredo - um grande trunfo na luta pelo décimo título tão esperado. A composição que embala o enredo "A ópera dos malandros" é valente, tem pegada, tem letra. É daqueles sambas que se ouve uma, duas, três ou mais vezes e não se cansa. Os dois refrões são de fácil assimilação, o que pode ajudar (e muito) na comunicação com o público no dia do desfile.

Grande Rio

O samba da escola, em homenagem à cidade de Santos, no litoral de São Paulo, é bem animado. E só! Na segunda passagem da gravação, aliás, a bateria comandada pelo mestre Thiago Diogo dá uma amostra das bossas muito boas que levará para a Avenida, o que termina salvando a faixa.

Unidos da Tijuca

"Enredos CEPs", que homenageiam cidades, estados ou países, não rendem bons sambas. Certo? A Unidos da Tijuca prova que nem sempre é assim e tem um dos sambas mais bonitos do ano, em sua homenagem a Sorriso, cidade do Mato Grosso, considerada a capital da soja. Melodia linda com uma letra muito inspirada, que remete à Tijuca de grandes composições como "O dono da terra" (1999), "O sol brilha eternamente sobre o mundo de língua portuguesa" (2002) e "Agudás" (2003).

Portela

O bom samba da Portela, que levará para a Avenida o enredo "No voo da Águia, uma viagem sem fim...", não foi valorizado pela gravação, que destoa negativamente em relação às outras faixas do CD. O Carnaval 2016 marcará a estreia do badalado carnavalesco Paulo Barros na tradicional Azul e Branca de Madureira.

Imperatriz Leopoldinense

Samba lindo! Apenas esta afirmação poderia definir muito bem a obra da escola, que homenageará Zezé di Camargo e Luciano. A dupla, aliás, cantou na primeira passada da gravação, assim como a paraibana Lucy Alves, finalista da segunda edição do "The Voice Brasil". Para quem duvidava (como eu) que os dois filhos de Francisco poderiam proporcionar um bom samba, a resposta foi muito bem dada pelos compositores da Imperatriz. E em forma de poesia!

Mocidade

Em meio a uma boa safra de sambas, como a deste ano, o da Mocidade termina passando meio que batido. Bem cantado na faixa pelo intérprete Bruno Ribas, a composição não tem aquele "tempero" que faz a diferença. O enredo é "O Brasil de La Mancha: Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro".

São Clemente

Esperava um samba melhor para o enredo "Mais de mil palhaços no salão". Pelo menos mais animado, mas nem isso conseguiu ser.

União da Ilha

Para uma escola que já levou para a Avenida sambas como "É hoje" (1982), "O Amanhã" (1978) e "Domingo" (1977), só para citar alguns, é decepcionante ouvir a composição deste ano, que faz referência aos Jogos Olímpicos Rio-2016. É o famoso "pula faixa".

Mangueira

A faixa já começa com a voz marcante da homenageada no Carnaval de 2016: Maria Bethânia. E o restante do samba é Mangueira em estado puro. Daqueles "arrasta povo", e ainda mais porque a escola fechará os desfiles do Grupo Especial. Um trecho, aliás, já está na boca dos foliões: "Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá". É colocar no volume mais alto e sair sambando.

Vila Isabel

Se na faixa da Portela, a gravação não ajudou a puxar o samba para cima, o mesmo não se pode dizer com o da Vila Isabel. Tudo se encaixa na homenagem ao centenário de nascimento de Miguel Arraes. Tem acordes de frevo, tem Martinho da Vila convocando os componentes da escola, tem uma letra emocionante (como pernambucano, é difícil não se arrepiar com a parte que diz "Com ternura me chamavam 'Pai Arraia', onde os arrecifes desenham a praia"). O refrão principal também é excelente ("Vem dançar o frevo e a ciranda/Silenciar jamais/Tem maracatu na batucada/E o Galo da Madrugada misturando os carnavais"). É para deixar no repeat!

Estácio de Sá

"Estou vestido com as armas de Jorge/Meus inimigos não vão me alcançar/Tu és bondade pelo mundo inteiro/Santo Padroeiro igual não há". Esse refrão do meio é uma prova inconteste da força desse samba da Estácio de Sá, que retorna ao Grupo Especial após oito anos no Grupo de Acesso. E São Jorge tem tudo a ver com samba, sempre rendendo ótimas composições.

ContraCapaCD2016

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