Tudo para ficar igual ao seu ídolo

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 26/10/2015 às 17:00
Ken e Barbie versão franceses. Foto: Divulgação
Ken e Barbie versão franceses. Foto: Divulgação

Arlene Carvalho

Especial para o Social

Eu quero ser você: o que leva pessoas a assumirem a aparência de seus ídolos? Na busca de parecer com seus objetos de adoração, fãs se submetem a todo tipo de procedimento e seus riscos para alcançar essa meta. As modificações vão de simples apliques capilares até intervenções cirúrgicas. Porém, o que leva essas pessoas a optar por isso? Fanatismo? Obsessão?

Ken e Barbie versão franceses. Foto: Divulgação Ken e Barbie versão franceses. Foto: Divulgação

Nos últimos dias, a história de um casal francês que já passou por 15 cirurgias e gastou uma quantia acima de 300 mil dólares para ficarem parecidos com os bonecos da Barbie e do Ken ganhou destaque mundial. Além dos procedimentos mais sérios, Anastasia Reskoss, de 20 anos, e seu namorado Quentin Dehar, de 23, seguem uma dieta e treinamento físico para manter a aparência de seus personagens idolatrados.

Ken humano acabou falecendo de leucemia Ken humano acabou falecendo de leucemia

O caso dos franceses não é único. Ao redor do mundo, existem casos de pessoas que fizeram procedimentos para ficarem parecidas com celebridades como Kim Kardashian, Justin Bieber e Michael Jackson, por exemplo. No Brasil, o modelo Celso Santebañes ficou conhecido como Ken humano brasileiro após passar por diversos procedimentos, como cirurgias e aplicações de hidrogel para ficar igual ao boneco. Em janeiro deste ano, ao procurar tratamento para uma infecção, Celso foi diagnosticado com leucemia em estado avançado e veio a falecer em junho.

Maquiador quis ficar igual a Kim Maquiador quis ficar igual a Kim

De acordo com Sylvio Ferreira, professor do departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é mais comum tornar-se fã de algo ou alguém na adolescência. “A adolescência é o momento onde a condição mais se efetua, pois é um momento de transição, escolhas e definições. Quando o jovem está descobrindo quem é, o que quer, e toma o outro como modelo de si.”

O objeto de idolatria serve como uma referência para o fã. “A identificação com o ídolo é saudável, desde que o fã não fique fixado no outro ao ponto que a sua dinâmica pessoal impeça ele de continuar crescendo em busca de si mesmo. Ele deve passar por ali e continuar.”, completa o professor.

É o grau dessa idolatria que vai determinar se ela pode ou não trazer riscos à saúde, já que algumas pessoas perdem o limite que separa quem elas são de quem ou do que elas admiram. “O que faz alguém se tornar fã é uma absoluta projeção e identificação narcísica. O adolescente se toma pelo outro, se projeta no outro, se sente o outro, se toma pelo outro e se acha o outro como num jogo de espelhos em que o outro não é outro a não ser ele mesmo, a tal ponto que ele tem que estabelecer uma identificação física, como se a psicológica não bastasse mais.”, finaliza Sylvio.

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