"O NE entrega resultados ainda muito interessantes", diz consultor de mercado de luxo

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 14/10/2015 às 8:00
Carlos Ferreirinha
Carlos Ferreirinha

O publicitário Renato Meirelles, do Data Popular/Fotos: Dayvison Nunes/JC Imagem No palco, o publicitário Renato Meirelles, do Data Popular/Fotos: Dayvison Nunes/JC Imagem

O presidente do Data Popular, Renato Meirelles, e o consultor de mercado de luxo Carlos Ferreirinha participaram do 3º Encontro RioMar com o Mercado, na noite desta terça (13). Meirelles falou sobre a crise econômica no Brasil refletida numa das faces do mercado, a popular. Com pesquisas empregadas por seu instituto, expôs a redução da faixa pobre, bem como o consequente crescimento da classe média, e revelou estratégias importantes aos lojistas lá presentes para fisgar esse público: os não ricos desejam ficar ricos, mas não como os ricos tradicionais; eles valorizam a fartura, e não a exclusividades de bens, e são de "comprar" auto-estima. Ferreirinha, convidado para revelar a outra face do mercado, a do luxo, concedeu entrevista ao Social1. O consultor, que mensalmente vem ao Recife prestar consultoria às lojas de alta grife, fez seu diagnóstico. Confira:

Carlos Ferreirinha Carlos Ferreirinha

Há crise no mercado de luxo?

O segmento de luxo é um setor produtivo igual a qualquer outro: também teve incremento de energia e crise cambial. Evidentemente que alguns setores sofrem mais, e alguns consumidores também - o cliente tradicional de luxo passa pelo mesmo impacto de quem está do meio da pirâmide social para baixo, mas ele tem uma absorção diferente. Ele é mais resiliente, pois, obviamente, tem um poder financeiro que o coloca numa posição diferenciada. Agora, enquanto atividade econômica, os impactos são grandes: ora é a redução de clientela, ora é o valor que cresceu.

Você nota diferenças regionais?

Todas as vezes que existe uma crise econômica de proporção global, os primeiros países afetados são Estados Unidos, França, Itália, Alemanha... São as economias mais fortes e amadurecidas, onde o cenário competitivo é mais acirrado. Quando existe uma crise nessa proporção no Brasil é o Sudeste - São Paulo, principalmente, e Rio de Janeiro - onde há um impacto maior. Numa região como o Nordeste, onde a base era zero, e nesses últimos anos a expansão foi de zero para alguma coisa, esse impacto não é tão grande ainda. Não estou dizendo que isso não vá acontecer amanhã, mas hoje está entregando resultados ainda muito interessantes. Essa resiliência do Nordeste é justamente baseada na expansão de uma base zero. É natural, são níveis de amadurecimento e de entrega absolutamente diferentes.

Há intersecções entre o mercado popular e o de luxo?

Existe e muita. Se o país mantivesse o ritmo, seria um país de intersecção, o que resolveria a equação do Brasil. Tudo aquilo que é mais democrático e tem um apelo de intersecção é muito mais positivo e frutífero para esse tamanho do Brasil. A gente vê isso fortemente em perfumaria: o mesmo batom é consumido por cada um dos extremos; o mesmo perfume também, dividido em cinco, seis, vezes, mas é o mesmo produto. Assim como produtos de supermercado: o azeite premium, a pipoca premium, o xampu premium... Eu diria que foram intersecções no consumo que movimentou uma economia tão poderosa como é a dos Estados Unidos. Tinha tudo para ser nosso grande fator diferencial no Brasil.

O que é um produto de luxo?

Aquilo que é extraordinário, exclusivo, excepcional. São produtos e serviços que alcançam um patamar que não poderia ir além; é o estado da arte da excelência. Sempre foi isso, continua e será. Não há uma mudança do que é luxo; há movimentos de mercado que dizem o que é isso ou aquilo.

O luxo como filosofia de vida resulta em produtos de luxo?

Não. A gente precisa entender o que é o luxo no setor produtivo-econômico. No setor de luxo produtivo, comercial, é um produto que é raro, um serviço exclusivo, disponível para poucos. É esse conceito que leva uma mãe a falar, por exemplo, que luxo é ter tempo para viajar com os filhos. Esse tempo não é economicamente produzido, ninguém está pagando mais para ter tempo... Ela estaria usando o mesmo código do produto inacessível: se diz que é um luxo ter esse tempo porque ele é raro, exclusivo, como é difícil para alguns acessar determinada bolsa ou tênis.

Leia sobre a palestra de Renato Meirelles, do Data Popular.

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