Glúten é o vilão da dieta? A coisa não é bem assim

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 15/05/2015 às 8:17
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Quem ama pão, pizza, macarrão e etc deve estar super irritado com toda essa vilanização do glúten tão propagada desde o ano passado. Presente principalmente em massas, a substância virou "coisa que faz mal" assim, de repente, pelo menos para grande parte da população. O que não falta nas capas de revista são as tão faladas dietas sem glúten garantindo emagrecimento em pouco tempo. Celebridades que aderiram nem se fala.Bom, nós do Social1 que adoramos comer bem, mas nos preocupamos com a boa alimentação, resolvemos procurar uma nutricionista para desvendar esse mistério e descobrimos que a coisa não é bem como estão dizendo por aí.

Vamos começar pelo começo: o que é o glúten? De acordo com a nutricionista Vanessa Baad, trata-se de uma molécula bem complexa, presente no trigo, na cevada e no centeio, formada por algumas proteínas. Entre elas, as principais são a gliadina e a glutenina. A gliadina é a responsável por um processo de inflamação no intestino de algumas pessoas, o que dificulta a absorção de alguns nutrientes e eliminação de gorduras. Essas pessoas estão divididas em três categorias: as que possuem a doença celíaca (intolerância ao glúten), as que têm alergia ao trigo e as que apresentam algum tipo de sensibilidade ao glúten.

Vanessa Baad é nutricionista, mestranda pela UPE e atua nas áreas esportiva e estética. Vanessa Baad é nutricionista, mestranda pela UPE e atua nas áreas esportiva e estética.

Você já pode começar a desconfiar se está inserido numa dessas categorias se apresenta sintomas como diarréia, constipação, distenção abdominal e aquele cansaço que não acaba nunca mesmo que você durma o necessário. As duas primeiras opções se descobrem por meio de exames específicos. Para a terceira, a descoberta é meio empírica. Vanessa indica cortar completamente o glúten da dieta por duas semanas e observar se a sintomatologia some ou melhora.

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Mas excluí-lo da alimentação não quer dizer necessariamente que a pessoa vai emagrecer. “O que acontece é que, quando se tira produtos que contém glúten, como pães, bolos e alimentos industrializados, a pessoa vai perder peso pela melhora qualitativa da dieta. Porque, por exemplo, junto com esse pão, essa massa, saem também os acompanhamentos como os molhos, os embutidos, e também a substituição por outras fontes de carboidratos mais naturais como raízes (batata-doce, inhame, macaxeira, etc)”, explica. Para quem tem as doenças, a retirada dessa substância acaba melhorando a função do intestino e o processo de eliminação de gordura fica mais fácil, o que acaba emagrecendo.

Vanessa alerta, ainda, que há estudos que comprovam que retirar o glúten da dieta sem necessidade pode fazer com que o organismo passe a rejeitá-lo quando voltar a ser ingerido. Nesse caso, a pessoa acaba desenvolvendo a sensibilidade pela ausência. “Tem gente que emagrece comendo pão francês e pão de forma na dieta. Então, nesses casos, não há necessidade de tirar o glúten. Antes de fazer qualquer dieta, tem que ter o cuidado de procurar um profissional para diagnosticar possíveis sensibilidades e não simplesmente adotar o que vê na TV. Toda dieta bem feita tem que ter equilíbrio”, adverte.

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Portanto, se você é um daqueles que cortaram totalmente o pão da dieta e andou comendo tapioca loucamente porque está na moda, atenção para essa informação: 100g do prato tem mais carboidrato do que a mesma quantidade de pão francês. O índice glicêmico, que é o indicador da velocidade com que o açúcar presente em um alimento alcança a corrente sanguínea, da tapioca é de 115, enquanto do pão é de 100. Ou, seja, tapioca também engorda! Por isso, fica a dica: corre até um nutricionista pra saber que dieta se adequa ao seu corpo e lembre-se: a saúde vem em primeiro lugar.

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