Vamos falar de café?

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 14/04/2015 às 9:30
Hoje é o Dia Internacional do Café - saiba mais sobre a bebida
Hoje é o Dia Internacional do Café - saiba mais sobre a bebida

Foto: reprodução da internet Foto: reprodução da internet

Você provavelmente já ouviu a palavra terroir. E é bem possível que a tenha escutado numa conversa sobre vinhos. O vocábulo francês, no entanto, também é constante entre especialistas e interessados em café. O grão da região X vai resultar numa bebida diferente da que o grão da região Y pode proporcionar. Isso muito devido às características naturais do lugar, como a geologia e topologia. É considerando o conjunto delas que se entende terroir. Hoje, Dia Internacional do Café, o Social1 vai um pouco além da xícara.

A Nespresso, marca que comercializa cafés em cápsulas, leva em consideração fatores como a altitude (que mede o impacto do contato da planta com os raios solares), as condições climáticas, as características do solo e a latitude do lugar onde o café está plantado. Sobre latitude, sabe-se que, diferente do vinho, é entre os trópicos de Câncer e Capricórnio que a planta melhor se desenvolve, uma vez que quanto mais perto do Equador mais indefinidas são as estações do ano, e o café resiste melhor a temperaturas amenas - "Abaixo de 18ºC e acima de 30 ele sofre", explica Cláudia Leite, gerente de Coffee Ambassadors da Nespresso:

https://www.youtube.com/watch?v=h0WtaYfyW_0&feature=youtu.be

Esse é um conhecimento que faz entender porque Brasil, Colômbia, Etiópia e Índia, por exemplo, são grandes produtores do grão. O Brasil, no caso, é o maior e também o que mais exporta. Dados de 2013, apurados pela International Coffee Organization (Ico), diz que o País produziu 49 milhões de sacas naquele ano; e estimava que em 2014 tenha sido em torno de 45 milhões, representando 1/3 de toda a produção mundial. Mas não caia no equívoco de generalizar toda essa produção. Não há só um tipo de café brasileiro, como explica Claudia Leite:

https://www.youtube.com/watch?v=LYd466xyuU8&feature=youtu.be

Há, sim, já no Brasil, quatro regiões cafeicultoras com Indicação Geográfica de Procedência, certificado que prova, cientificamente, que os impactos dos terroirs desses lugares conferem qualidades únicas e distintas às bebidas nas quais resultam. Esse é um certificado já comum na vinicultura - você já deve ter ouvido falar nos vinhos do Alentejo. Há em São Paulo a Alta Mogiana; no Paraná, o Norte Pioneiro; e em Minas Gerais, o Cerrado Mineiro e a Mantiqueira de Minas. Significa dizer que os cafés produzidos em cada uma dessas regiões têm perfis muito próprios.

A Mantiqueira de Minas, por exemplo, abrangendo cafeicultores de 22 municípios do Sul mineiro, é uma região montanhosa, de solo velho e profundo, que retém água. Também é rico em nutrientes, como potássio - que confere doçura ao grão. Por ser montanhosa, há contato com o sol e há também sombra - logo, as plantas resistem em temperaturas amenas. Todas essas características, mais os meios de produção (tipo de colheita, de torra...), implicam no sabor e aroma que vão aparecer na xícara.

Fileiras de cafés na região montanhosa da Mantiqueira de Minas, destaque na produção de cafés especiais no Brasil/Foto: Francio de Holanda/Divulgação Fileiras de cafés na região montanhosa da Mantiqueira de Minas, destaque na produção de cafés especiais no Brasil/Foto: Francio de Holanda/Divulgação

Ainda falando da Mantiqueira de Minas, conta-se que era de lá o café tomado pelo papa no Vaticano, lá nas décadas de 40 e 50. A região, que contém cafezais centenários, é muitíssimo bem situada no mapa mundial dos cafés especiais. O bourbon amarelo, uma das muitas variedades do grão, lá cultivado, recebeu o prêmio Cup of Excellence, com a nota 95,85. Fruto de região montanhosa e solo fértil, com rigoroso processo de acompanhamento, colheita e torra, entende-se ao degustá-lo que, igual vinho, há cafés e cafés. Não é mera frescura.

Saiba mais:

O Brasil, apesar de ser o maior produtor e exportador de cafés do mundo - são cerca de 270 mil produtores e mais de dois milhões de hectares de plantação -, não é o que mais consome. Fica na 2ª posição, após os Estados Unidos.

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