Fisioterapia BioAntropológica. O nome pode soar como uma novidade para alguns. E é. Há apenas 4 anos, em 2011, Pablo Santurbano colocava em prática todos os estudos e artigos que leu e absorveu. Pablo, fisiologista do exercício pela Unifesp-EPM com formação em diferentes métodos e técnicas musculoesqueléticas e seguindo carreira atuando em Fisioterapia Musculoesquelética, explica a criação e desenvolvimento de sua nova prática baseada nos costumes de nossos ancestrais.
Pablo Santubano. Fotos: Dayvison Nunes/Divulgação
“Quando eu escolhi ser fisioterapeuta, de algum modo, eu esperava ter um entendimento melhor do corpo humano e que eu fosse responder umas inquietações sobre a biologia. Essa minha inquietação em procurar respostas fora da medicina tradicional acabou me levando ao estudo da evolução”, explica Pablo sobre a origem de seu objeto de estudo.
As dores musculares e tensões sempre intrigavam Pablo, que começou a aprofundar seu estudo na ciência evolutiva para tentar elucidar esses problemas do cotidiano sem precisar recorrer à apenas medidas preventivas. “A gente estuda que dor, problema, tensão são doenças patológicas. Quando você se depara com várias pessoas tendo o mesmo problema, você vê que tem alguma coisa errada. A natureza não moldou o homem com características negativas porque isso o incapacitaria de sobreviver e ter êxito em passar suas gerações à frente”.
“Toda minha busca voltada para isso e procurar qual a causa dessas dores só fizeram sentido quando pensei na evolução. Não é algo de hoje, a evolução é uma tendência científica de pelo menos 40 anos. Precisamos englobar esse estudo em qualquer pilar das ciências biológicas, porque ela é o conceito principal da biologia”, conta. Porém, mesmo com todas essas análises, a ideia não foi tão bem aceita. “Ela foge totalmente do mainstream acadêmico, mas não por ser deficiente em evidências cientificas, muito pelo contrário, a biologia evolutiva é muita forte e reconhecida, mas a a BioAtropológica foge totalmente das disciplinas aplicadas em sala de aula".
Uma das práticas aplicadas por Pablo é ficar de cócoras
Mas quem acha que os exercícios a serem feitos para poder se adequar à uma rotina saudável e com menos lesões são difíceis está enganado. Pablo Santurbano usa um exemplo muito simples e comum na vida de qualquer pessoa: se sentar. Ele fala que sentar é algo que os seres humanos fazem em vários momentos do dia, como acordar e se sentar na mesa para comer, sentar-se ao carro para dirigir, sentar para trabalhar, ver televisão, mexer no celular, entre outros. Ao lado de um dos seus alunos, Zak Moreira, ele explica algumas atividades que ele mesmo usa e que repassa para seus estudantes. Confira:
Uma das posições mais comuns e que prejudica bastante é o ato de sentar
No meu consultório e nas minhas aulas eu penso em usar o chão. A cadeira é um grande vilão. O maior problema dela, em geral, é que mesmo a cadeira mais desconfortável, você consegue passar muito tempo na mesma posição e acaba se restringindo à uma mesma postura. Já no chão, é oferecido um terreno livre. O modo primordial da nossa fisioterapia é ficar de cócoras e fazer isso na cadeira é impossível.
Pode-se usar também um calço para que a pessoa consiga passar mais tempo de cócoras. Em casa, você pode usar um móvel ou qualquer objeto que lhe dê apoio. Outra opção também é usar um peso. Zak, por exemplo, usou um peso nas mãos para projetar seu centro de gravidade para frente, o que pode ser feito com qualquer outro material.
Imaginem trabalhar o dia todo de cócoras, é difícil, não é? Pablo confessa que não dá para ficar nessa mesma posição por muito tempo, por isso o chão é essencial. Nele, você consegue mudar os movimentos procurando descansar e isso faz com que você se acostume com várias posições evitando lesões futuras. “Meu escritório é no chão, eu não fico de cócoras 8 horas por dia porque a parte legal do chão é que eu posso mudar as posições para trabalhar no notebook, por exemplo. Posso criar várias alternativas, mas eu tenho um consultório tradicional também. Na minha casa, também tenho locais sem cadeiras e sofás, para estudar, ler um livro, entre outras coisas”.
“Essa fisioterapia mudou minha vida porque quando algo faz sentido, você se aprofunda não só por uma necessidade profissional, mas também para incorporar na sua vida de maneira consciente. Além de ser uma boa alternativa para quem não gosta de exercícios do senso comum como malhar ou simplesmente correr”, concluiu.
