Os 70 anos de Leila Diniz, símbolo da revolução feminina

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 25/03/2015 às 15:48
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Leila Roque Diniz/Fotos: reprodução da internet Leila Roque Diniz/Fotos: reprodução da internet

Leila Diniz completaria 70 anos nesta quarta (25), se viva estivesse. A atriz, que morreu precocemente, aos 27 anos, imortalizou-se por ter quebrado tabus e provocado a sociedade da década de 1960 e início dos anos 70. Considerada pelas feministas e pela esquerda uma alienada, era para a direita conservadora uma alienante, chamada de prostituta por pregar, entre outras coisas, o amor livre. Entre seus atos mal vistos à época estão declarações polêmicas e a foto em que exibe sua gravidez - da única filha, Janaína, com o cineasta Ruy Guerra - vestindo apenas biquíni, durante os anos duros da ditadura.

Imagem de Leila grávida, de biquíni, escandalizou a sociedade da época, em 1971/Foto:reprodução da internet Imagem de Leila grávida, de biquíni, escandalizou a sociedade da época, em 1971

Mais Atriz voltou a mexer neste ensaio em que aparece nua

Numa das entrevistas, Leila chocou por falar abertamente de sua intimidade, e ainda mais por se tratar de uma mulher falando sobre sexo: "Eu trepo de manhã, de tarde e de noite". Em outra, para o Pasquim, em 1969, mandou: "Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo", numa conversa pontilhada por símbolos, em substituição aos palavrões. As declarações de Leila renderam a esta edição do Pasquim o pódio de mais lida, e - contam - foi o gatilho para a instauração da censura prévia à imprensa - também chamada à época de Decreto Leila Diniz.

Capa d'O Pasquim com Leila Diniz - os símbolos no titulo aludem aos palavrões que falou na entrevista; ao que não podia ser publicado Capa d'O Pasquim com Leila Diniz - os símbolos no titulo aludem aos palavrões que falou na entrevista; ao que não podia ser publicado

Na mira dos militares, a atriz se escondeu por um tempo no sítio do apresentador Flávio Cavalcanti. E ao mesmo tempo em que lhe pesou a acusação de ter ajudado militantes de esquerda, foi demitida pela Rede Globo, que alegou razões morais para não renovar o contrato. Foi quando Leila recorreu ao teatro de revista, tornando-se vedete. Estreou com a peça Tem banana na banda e foi eleita Rainha das Vedetes. Permaneceu no palco até o acidente aéreo da Japan Airlines que a vitimou, no dia 14 de junho de 1972, quando voltava de viagem à Austrália, onde recebeu o prêmio de melhor atriz pelo filme Mãos vazias, no International Film Festival.

Leila quando aderiu ao teatro de revista e virou vedete Leila quando aderiu ao teatro de revista e virou vedete

Marieta Severo e Chico Buarque, à época casados, eram amigos de Leila e cuidaram da filha Janaína, até que o pai, Ruy Guerra, pudesse criá-la. Em Nova Délhi, índia, onde ocorrer o desastre aéreo, junto aos restos mortais da atriz foi encontrado diário com anotações e a última frase: "Está acontecendo alguma coisa muito es...". Leila também foi casada com o cineasta Domingos de Oliveira e participou de 12 novelas, 14 filmes e várias peças de teatro.

leila

Leia frases marcantes da atriz:

Não morreria por nada deste mundo, porque eu gosto realmente é de viver. Nem de amores eu morreria, porque eu gosto mesmo é de viver de amores."

Eu posso dar para todo mundo, mas não dou para qualquer um."

Todos os cafajestes que conheci na vida são uns anjos de pessoas."

Eu durmo com todo mundo! Todo mundo que quer dormir comigo e todo mundo que eu quero dormir."

Só quero que o amor seja simples, honesto, sem os tabus e fantasias que as pessoas lhe dão."

Não sou contra o casamento. Mas, muito mais do que representar ou escrever, ele exige dom."

O cantor e compositor Milton Nascimento, que era amigo de Leila Diniz, lançou no CD Sentinela a música Um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco, composta a partir da frase dela. Há interlúdio com áudio gravado por Leila:

https://www.youtube.com/watch?v=915QYlU5Oi4

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