Festas de fim de ano são quase sempre sinônimo de reunião familiar e grandes comilanças - regadas a receitas que de tão diferentes e especiais exigem bebidas à altura. Quiches, saladas, frango recheado, tender, farofa, bacalhau, risotos, strudels, panetones, rabanadas, são algumas das pedidas mais comuns à mesa nessa época do ano. Passada a ceia natalina e de olho no jantar do revéillon e no almoço de Ano Novo, a Casa dos Frios convidou a sommelier Ana Paula Crasto para sugerir algumas harmonizações, dentro de seu portfólio de cerca de 900 rótulos.
Formada pela Associazione Italiana Sommelier (AIS) e degustadora profissional pelo Guia “Vini Buoni D’Itália”, Ana sugere harmonização com a semi-aromática Sauvignon Blanc, pela boa acidez, aromas cítricos e vegetais – ideais para acompanhar saladas, em especial as que levam maioneses ou algum ingrediente defumado, além de aspargos. Entre os rótulos desse tipo, se destaca o Camaleão 2011, produzido em Lisboa (Portugal) pelo jovem enólogo João Cabral Almeida, e que ostenta notas vegetais e florais.
Muito popular no Brasil e também comuns nessa época, as quiches, prato de origem francesa, caem bem um Pinot Gris. “Não achando essa uva, pode-se usar a argentina Torrontés, casta também aromática como a Sauvignon Blanc”, afirma. Exemplar selecionado pela sommelier, o Alta Vista Premium 2012, produzido em videiras a mais 1750 m, possui coloração intensa amarela, notas frutadas e de madeira, obtidas através de maturação em barricas.
"Todas as aves harmonizam bem com um branco leve de médio corpo, mas, em caso de aves com molhos, pode ser um branco mais encorpado passado em barricas – como um Chardonnay, casta de origem francesa, de grande estrutura e mineralidade. A ave geralmente possui como característica uma carne mais seca, que vai encontrar o equilíbrio harmonizando com um vinho branco, que passando em barricas adquiriu maciez".
Segundo Crasto, todos os espumantes rosé são versáteis e fáceis, harmonizando perfeitamente com peru, tender e aves em geral da ceia pela estrutura das uvas tintas usadas nesse tipo de espumante. "As borbulhas ‘limpam’ o paladar, enfrentando qualquer tipo de molho usado nos pratos, e você nunca erra na escolha”, aponta. Mas, para os amantes do tinto, a harmonização do tradicional peru pode ser feita com o corte clássico bordolês – mistura das uvas carbenet franc, cabernet sauvignon, merlot e petit verdot. Não encontrando esta opção, harmonize com um vinho de uma das castas citadas.
“Para o tradicional bacalhau dessa época, minha sugestão é um vinho português da região do Douro (mais elegantes), de castas tintas ou o tradicional vinho verde ”, afirma.
Como final de ano tem sempre panetone à mesa, a pedida sugerida pela sommelier é o espumante doce método charmat, o Riccadonna Asti DOCG, produzido com as uvas moscato d'asti cultivadas na região de Asti em Piemonte, região ao norte da Itália. Para os fãs da famosa rabanada, a sugestão é o Moscatel de Setúbal Bacalhôa DO 2011, envelhecido em barricas de carvalho.