Petrúcio Amorim guardou música há quase 40 anos. Foto: Renato Spencer
O cantor pernambucano Petrúcio Amorim foi o primeiro dos muitos artistas que se apresentaram no velório de Eduardo Campos, no final da tarde deste domingo (17), a convite da viúva Renata. Visivelmente emocionado, o músico abriu a série de perfomances com uma canção jamais ouvida pelo público nordestino. A composição intitulada de Memórias de um amigo emocionou a multidão que se aglomerava em frente ao Palácio do Campo das Princesas e surpreendeu os presentes. Além de Amorim, Alceu Valença, Silvério Pessoa, Maciel Melo, Antônio Marinho, Ed Carlos, Edilza Aires, Israel Filho e Tito Lívio cantaram no ato.
Em entrevista ao Social1, Petrúcio revelou que compôs a música há cerca de 40 anos. "Essa canção eu fiz quando tinha 16 anos. Compus para um amigo que perdi, quando morava em Caruaru. E, por incrível que pareça, nunca foi gravada por ninguém", afirmou. "Quando Renata nos convidou para tocar na despedida, eu fiquei numa grande dúvida do que tocar. Sempre que me encontrava com Eduardo, eu cantava forró, músicas alegres... Dessa vez, eu queria algo que mostrasse mais o que eu sentia", disse emocionado. "Sem querer entrar no lado politico da coisa. eu nao perdi um governador, eu nao perdi um presidente, eu simplesmente perdi um amigo", finalizou.
Confira, em primeira mão, a letra da música composta por Petrúcio Amorim há exatos 39 anos:
Memórias de um amigo
Pra onde fostes não sei
Só perguntando a Deus
Nosso pai, nosso rei, nosso único Deus
Por onde caminhas
Sei que teus passos plácidos
São bem mais plácidos
Diferentes dos meus
Que destino cruel
Tua felicidade
Onde está teu anel
De uma faculdade
Tua filosofia
Que entre lutas um dia
Foste capacidade
Tanta esperança pra no fim só lembrança
Só apenas saudade
Ê amigo hoje a saudade em meu peito
Batendo sem jeito Pergunta por ti
Ê amigo meu coração não respondeu
Pra eu não sentir
Cada olhar carinhoso
Hoje é lacrimoso
Ouvindo uma canção
Braços que te abraçaram
Se cruzam
Se guardam numa atenção
Luzes que te iluminaram
Não são mais iguais
Mãos que te afagaram
Desde as de teus pais
Hoje perguntam em forma de gestos: Onde estás?