Em 1981, o cantor e compositor Erasmo Carlos alcançava, como ele próprio considerou, “a plenitude de sua vida pessoal e de sua maturidade”, com o lançamento do LP Mulher (Sexo Frágil). No repertório, a faixa-título desconstruía um mito: “Dizem que mulher é o sexo frágil. Mas que mentira absurda”. A conclusão de Erasmo é reiterada dia após dia, com a quebra de paradigmas promovida por mulheres que provam sua força, demolindo obstáculos, conquistando direitos, ganhando seu espaço na sociedade. Nesta semana, o Social Fitness conta a história de mais uma mulher de espírito revolucionário: a tatuadora Cláudia Ninja e sua relação com as artes marciais.
Movida pelo fascínio pelos filmes de luta, Cláudia resolveu largar a arquitetura e se entregar ao amor pelas artes marciais. Moradora da Zona Norte do Recife, a lutadora se dedica ao tatame há 16 anos e já passou pelas mais diversas modalidades: taekwondo, judô, kickboxing, karatê, ninjutsu, boxe, jiu-jitsu e muay thai. Foi com esse afinco que ela tornou-se tricampeã Norte-Nordeste de taekwondo, quatro vezes campeã pernambucana na mesma modalidade e bicampeã da Copa Modelo. Praticando jiu-jitsu foi tricampeã pernambucana e bicampeã Norte-Nordeste.
Com seus 1,70 m de altura e 72 kg de peso, Cláudia é uma mulher que desperta olhares por onde passa – graças a sua beleza e vaidade – e diz que suscita curiosidade de quem descobre sobre seu envolvimento com a luta: “Sempre me questionam por conta da minha aparência. As pessoas tendem a achar que a prática das artes marciais masculiniza a mulher”, diz. “Treino com homens muito maiores que eu e, nessas horas, não tem isso de sexo frágil”, finaliza.
Cláudia está há dois anos imersa no mundo do MMA (Mixed Martial Art), sendo hoje a única profissional feminina em Pernambuco a praticar a luta. Para alcançar seus objetivos, ela treina duas vezes todos os dias: são três sessões semanais dedicadas à musculação, com uma média de uma hora por treino, três sessões de duas horas e meia de boxe, e treinos diários de MMA durante duas horas e meia.
Quando o assunto é alimentação, ela afirma que uma boa nutrição é fundamental para aguentar o ritmo: “É importante manter uma dieta balanceada, à base, principalmente, de carboidratos e proteínas”. Em época de campeonato ela corta os carboidratos das refeições e aumenta a ingestão de proteínas e suplementos.
Há cerca de 5 meses a lutadora se machucou durante um treino e alerta: “A musculação é imprescindível. É ela que vai dar o fortalecimento muscular necessário para prevenir lesões”. Mesmo com as dificuldades e os perigos evidentes da luta, Cláudia garante se sentir mais paciente, disciplinada, ágil e segura desde que começou a praticar artes marciais, e ainda deseja estar presente em muitos ringues e campeonatos mundo afora. “Luta é superação”, defende.