Exército toma o poder na Tailândia

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 22/05/2014 às 12:22
O comandante Prayuth Chan-Ocha
O comandante Prayuth Chan-Ocha

Por Bruna Serra

KRABI - Passa das 21h na Tailândia. Krabi, um dos destinos turísticos mais procurados do Sudeste Asiático, dormirá mais cedo e seus comerciantes, no prejuízo. Isso porque, dois dias depois do exército decretar a Lei Marcial, a constituição do país foi suspensa e o golpe instalado. Um toque de recolher está em vigor: a partir das 22h até às 5h, grupos com mais de cinco pessoas devem ser dispersados pelos agentes do exército.

Nos estabelecimentos comerciais e em alguns hotéis, um cartaz na porta já avisa da proibição de circular após às 22h, meio-dia no horário de Brasília.

Informativo thai. Fotos: Bruna Cabral Informativo tailandês. Fotos: Bruna Serra

Saí para jantar às 20h. Notei as ruas do balneário de Ao Nang - na província de Krabi - mais vazias. Passando em frente a um hotel, notei o cartaz que avisava do toque de recolher. Mas a maioria dos turistas não parecia ter conhecimento do assunto. Povo sempre muito amável e sorridente, notei alguns tailandeses tensos, porém discretíssimos.

Em função de um problema no ar condicionado do meu quarto, os recepcionistas do hotel me propuseram uma troca. No caminho para o novo aposento, demandei porquê não fui avisada do toque de recolher e perguntei ainda se os outros hóspedes foram avisados. "Não sei", foi a frase repetida pelo recepcionista para todas as perguntas que se seguiram.

Curiosamente, ontem recebi um informativo do hotel de que, das 22h às 5h desta quinta-feira (quarta-feira no Brasil), eu deveria "evitar" deixar meu quarto porque haveria uma dedetização.

O principal canal de televisão da Tailândia está fora do ar. Apenas uma imagem das forças do exército com uma marchinha ao fundo. Durante alguns minutos desta noite estranhíssima da minha vida, apareceu a imagem do general Prayuth Chan-Ocha, com pronunciamento impossível de ser decifrado. Obviamente o recepcionista do hotel não quis me ajudar nessa missão.

O comandante Prayuth Chan-Ocha O comandante Prayuth Chan-Ocha se pronuncia na televisão.

A expectativa agora é como será o amanhecer aqui. Ainda não sei como a multidão de turistas reagirá. Nas ruas de Bangkok - de acordo com informações do The Bangkok News - estão ocupadas com homens do exército armados com metralhadoras. Não há, porém, notícias de conflitos. No cair da noite, líderes da oposição aos militares foram convidados para uma conversa no gabinete nacional e terminaram presos.

Quanto a mim, decidi aguardar o movimento desta sexta-feira nas ruas. A programação inicial era voltar a Bangkok apenas na segunda-feira (26), de onde embarco para Doha, Qatar. Diante do exposto, vou esperar para tentar saber qual é a situação das ruas e dos aeroportos de Krabi e de Bangkok.

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