Fotos: Edmar Melo/JC Imagem
Por Geisa Agrício
Rever os 20 anos de trajetória da Cia Deborah Colker pelo emblemático Velox é como poder ver passar diante dos olhos o processo evolutivo da dança contemporânea brasileiro. O espetáculo, apresentado neste fim de semana no Teatro Guararapes, integra a turnê de visita de repertório que fica em cartaz até o próxima semana trazendo ainda apresentações de Nó e Tatyana.
Velox é o mesmo, a mais referencial coreografia vertical do País, que arrebatou plateias na década de 90 com sua potência e força eletrizantes. Ainda é impactante ver a destreza de movimentos, o apuro técnico, e o desafio às regras do corpo e da própria gravidade. Numa abordagem a esportes como alpinismo, kung fu, atletismo e futebol, Velox nos faz sentir um tanto da transição do estilo moderno ao contemporâneo.
Faz-se presente a coreografia marcada, a sinergia grupal, e a interpretação quase literal de um contexto. É uma montagem que mostra, ainda não traz outros elementos que foram amadurecendo dentro da própria companhia e do cenário nacional de dança. O questionamento, o incômodo a desconstrução do óbvio, o próprio processo coreográfico foram sendo repensados de lá pra cá. E nesse sentido a turnê é uma grande oportunidade de conferir com os próprios olhos essa evolução da dança, mas também aferir o talento e a relevância do trabalho de Deborah Colker.
No próximo dia 28, às 21h, a turnê recifense segue com Nó, primeiro espetáculo de Deborah a estrear no exterior, em 2005, em Wolsburg, na Alemanha. Amarrados com cordas, bailarinos equilibrando flertam com técnicas clássica e contemporânea. Também haverá uma apresentação de Nó na quarta-feira (27), porém os ingressos já estão esgotados. Nos dias 30 e 31, 'Tatyana', de 2011, é apresentado no Recife pela primeira vez. A coreografia é baseada em “Evguêni Oniéguin”, o romance em versos, publicado em 1832 pelo russo Aleksandr Púchkin.
