Prendada é a mãe

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 17/07/2013 às 7:44
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"Outro dia, dando uma entrevista, me perguntaram se sou do tipo prendada, que borda e cozinha. Bordo, verdade, faço mosaicos, pinto, desenho, mas veja bem, cozinhar não entra na lista. Sei fazer miojo que, pelo jeito, não conta. Uma lástima.

Gilberto Freyre bem que tentou criar o movimento “rumo à cozinha”, mostrando a importância sociológica, nome chic para fazer mulheres suarem em frente ao fogão, da tradição culinária. Não rolou.

Claro que na época de Giba, já íntima do sociólogo mais famoso de Pernambuco, as moças não tinham que dar 8 horas de expediente, fazer feira de mês, levar o menino no dentista, buscar o carro na oficina, pagar a prestação do apartamento e ainda comprar o presente de aniversário da sogra. Então, sei lá Gilberto, mas aquelas 4 horas na cozinha preparando suspiros, alfenins ou doce de num-sei-que-lá com calda de coisa-e-tal não fazem mais parte do nosso dia a dia.

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Tocar piano e cozinhar saíram da nossa lista de afazeres domésticos desde que a louca do sutien queimou a peça íntima em praça pública. Mas o que ela tinha contra sutiens, suspiros e alfinis, afinal de contas? Agora nos resta comprar, pagar, levar, registrar, anotar, abrir, trocar, ajeitar, consertar, tudo isso olhando o relógio para não chegar atrasada na terapia.

Fico inocentemente imaginando que se a gente cozinhasse mais, os psicólogos trabalhariam menos.

São os tempos, minha filha. Muita modernidade para pouca sociologia, diria o mestre.

Alguém aí sabe a receita de pé de moleque?

Dou-lhe uma, dou-lhe duas......"

Crônica publicada por Téta Barbosa, jornalista e blogueira do Batida Salve Todos. Escreve no blog todos os dias 17.

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