ENÓLOGO | Julien Berthelot, que comanda a noite no Club du Vin. Fotos: Dayison Nunes/JC Imagem
"Tive a sorte de vir pela primeira vez ao Recife e já encontrar o melhor chef da cidade". Hugo Prouvot não estava à mesa quando o francês radicado no Chile, Julien Berthelot, diretor da vinícola chilena Casa Lapostolle, rasgou altos elogios ao menu preparado por ele para a harmonização do wine dinner servido pelo Club du Vin, ontem (3) em Boa Viagem, e nesta quinta-feira (4), na unidade do Parnamirim. O menu estava mesmo sem pecados e casou perfeitamente com os quatro rótulos especiais que foram apresentados. O charme de um jantar como estes fica ainda maior pelo conteúdo que os amantes dos vinhos podem extrair da conversa, que passa desde a colheita da uva às percepções olfativas e gustativas da bebida. Descobre-se, por exemplo, que os vinhos da Lapostolle respeitam todo um processo de fabricação biodinâmico que envolve o não uso de agrotóxicos até observações de questões como os ciclos da lua ideais para a colheita, assunto que dificilmente se imaginaria estar ligado ao mundo dos vinhos.
DESTAQUES | O Cuvée Alexandre Chardonnay e o tinto Canto de Apalta
O jantar especial (R$ 170 por pessoa, já com vinhos harmonizados) serve também para apresentar ao público recifense o novo rótulo da casa, o Canto de Apalta safra 2010 que, apesar de ser um vinho jovem, impressiona pelas suas características, cor forte e sabor marcantes. Traz em sua composição 40% da uva Carmenére, 20% da Cabernet, 20% Merlot e 20% Syrah. No jantar, foi harmonizado com um risoto de funghi ao tinto e alho poró. Antes, porém - e também muito festejado -, o vinho Cuvée Chardonnay 2009, um branco frutado e muito suave, com aromas florais, combinou com os camarões ao velouté de manjericão e abobrinha hidropônica, na entrada.
FRUTOS DO MAR | O vinho branco para harmonizar com os camarões
Em cinco etapas, o jantar segue com um Mignon com purê de maçã e crisp de parma. O adocicado do purê e a carne vermelha pedem um tinto mais encorpado, como o Cuvée Aexandre Syrah 2009 e sua finalização delicada na boca, com tons florais. Por fim, foi servido um carré de cordeiro ao poivre vert com parmantier de batatas e espinafre, prato harmonizado com o Cuvée Alexandre Merlot 2008. Para arrematar, um sorvete de graviola e crocante de castanha do Pará.
PRINCIPAL | O purê de maçã com crisps de parma estava impecável
SUCULENTO | O carré a poivre, macio, deu a senha para um tinto mais encorpado
Hoje a Lapostolle produz cerca de 3 milhões de garrafas de vinho anualmente. Destas, 60 mil são direcionadas ao público brasileiro, com 50% para SP e 30% para o Rio. O Nordeste - e o Recife, em especial - aparece como um grande mercado em potencial para a bodega, que observa o crescimento econômico da região para a expansão da marca. "Queremos expandir, mas em termos qualitativos não só quantitativos", explica Berthelot.
DA TERRA | Sorvete de graviola com crocantes de castanha açucarados
