Tecnologia 3D permite analisar internamente múmias de animais

Vanessa Moura
Vanessa Moura
Publicado em 21/08/2020 às 7:38
Foto: AFP
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Um gato com o pescoço quebrado, uma cobra com a boca aberta e uma ave de rapina: imagens 3D revelaram alguns fragmentos da vida de três animais mumificados no Antigo Egito, segundo estudo publicado nesta quinta-feira (20) na revista Scientific Reports. Os egípcios acreditavam na ressurreição e na vida eterna. Para ter acesso a ela, os corpos tinham que ser mumificados, para depois serem depositados em tumbas acompanhados de tudo de que precisariam depois: objetos familiares, animais.

Uma espécie de animal de estimação ou oferenda a um deus, quase todos os animais que viviam no Egito naquela época podiam ser mumificados, do gato ao falcão, passando pelo crocodilo. Inúmeros exemplares estão preservados atualmente em museus de todo o mundo, mas por muito tempo era impossível saber o que estava sob as bandagens sem danificar as múmias.

Usando imagens de máquinas de raios-X 3D, uma equipe de cientistas da Grã-Bretanha conseguiu "desembrulhar" três múmias de animais no Centro de Estudos do Egito da universidade de Swansea, País de Gales. De acordo com este estudo, a morfologia do primeiro animal "sugere que os restos provavelmente pertenceram a um gato doméstico egípcio".

O felino tinha menos de 5 meses quando teve suas vértebras quebradas intencionalmente no momento de sua morte ou mumificação, para que pudesse manter a cabeça ereta por toda a eternidade. A segunda múmia foi considerada "semelhante" a um francelho (pássaro falconiforme); e a última, em forma de ovo, na verdade continha uma jovem cobra enrolada, "que pode ter morrido de uma fratura na coluna vertebral".

Algo surpreendente é que se utilizou resina para manter a boca da cobra aberta, o que sugere que o ritual de abrir a boca foi realizado no animal para prepará-lo para outra vida. "A abertura da boca permitia (de acordo com as crenças) que as estatuetas de divindades e dos mortos recuperassem seus sentidos", disse à AFP Carolyn Graves-Brown, do centro de pesquisa e coautora do estudo.