E-commerce, fraudes em pagamentos, economia compartilhada: como o CEO da InLoco vê o mundo pós-coronavírus

Maria Luiza
Maria Luiza
Publicado em 06/04/2020 às 13:48
André Ferraz, empreendedor digital, fundador da InLoco
André Ferraz, empreendedor digital, fundador da InLoco FOTO: André Ferraz, empreendedor digital, fundador da InLoco

Quando André Ferraz fundou com cinco colegas de faculdade a InLoco Media, o modelo de negócio que se mostrou promissor era oferecer publicidade geolocalizada e assertiva através de aplicativos parceiros. Assim a empresa cresceu e se consolidou, abriu escritórios fora do Recife e conquistou grandes clientes. A pandemia do novo coronavírus revelou a essa startup uma nova forma de trabalhar. A mesma tecnologia que rastreia a localização de celulares em locais fechados poderia ser utilizada para monitorar se o isolamento social - considerado pela Organização Mundial da Saúde a principal maneira de se reduzir a velocidade de contaminação - está funcionando. Através da tecnologia da InLoco foi possível detectar que, antes da pandemia, cerca de 25% dos recifenses costumavam ficar em casa. E após as ações para restringir a circulação de pessoas, esse percentual foi para mais de 60%. O Blog Mundo Bit conversou com o CEO da InLoco, o pernambucano André Ferraz, sobre essa tecnologia e como ele vê futuro da sociedade para além da covid-19. Uma realidade que trará forte impacto no varejo, deve fazer crescer a economia compartilhada, o e-commerce e, com ele, as fraudes nos pagamentos online.

Como a tecnologia da in loco está sendo usada para enfrentar a pandemia? E em que lugares?

A tecnologia da InLoco está sendo utilizada primeiro para medir o que a gente chama de "índice de isolamento social", medindo o percentual de pessoas que estão saindo de casa numa dada região. A gente ta conseguindo chegar no nível de um grid de 400 x 400 metros, isso é mais granular do que um bairro. Isso está ajudando às autoridades, como no caso do Recife, a mandar um carro de som para aquele lugar onde o índice esteja mais baixo e fazer um anúncio, informando às pessoas sobre a importância dessas medidas de isolamento para a saúde dela e da população. Além do Recife a gente já escalou isso para 20 outros Estados no Brasil. A gente começou a trabalhar também com a prefeitura de Fortaleza. Queremos expandir mais e tornar a base de dados pública para que todo brasileiro consiga acessar (na figura acima, é possível acompanha como está o índice de cada lugar)

 

Como funciona esse monitoramento e o que ele permite fazer?

O monitoramento é bem simples. O uso da informação está sendo mais para questões de conscientização. Vale lembrar que nenhuma pessoa está sendo monitorada de forma individual, é sempre uma região que é analisada – um bairro, uma cidade, um estado, mas nunca um indivíduo. Dessa forma a privacidade das pessoas está preservada.

 

E como essa questão da privacidade está sendo tratada no Brasil? Em alguns países, em nome da questão pública, houve intervenção governamental no nível privado. Se isso for autorizado no Brasil, como seria a participação da in loco?

A gente tá coletando dados apenas com a autorização explícita do usuário. Então ele precisa aceitar os termos. Ele precisa autorizar a coleta do dado. É um processo voluntário. Não tem nenhuma pessoa que tá contribuindo com os dados e não tenha acordado com o processo. A gente tá vendo que o número de pessoas que está se voluntariando é muito bom. Claramente as pessoas estão querendo contribuir.

 

Que outros experimentos similares de monitoramento estão acontecendo no mundo?

Claramente a gente tem aí a China e a Coreia do Sul que estão muito fortes nisso. Cingapura também. Os países asiáticos de uma forma geral. Só que eles estão fazendo de uma forma muito mais intrusiva e invasiva, sem o consentimento das pessoas e monitorando todo tipo de informação, não apenas localização. Estão lendo até mensagens de texto das pessoas nos celulares. É uma questão bem crítica. Em Israel também está sendo feito muito disso. De forma geral em outros países estão se utilizando de outros dados. Inclusive no Brasil o Ministério da Ciência e Tecnologia está usando dados de operadoras de telefonia que nesse caso, diferentemente do nosso, é um dado que identifica a pessoa. Ele sabe quem é a pessoa e onde ela está. Só que eles sabem com precisão menor porque o dado da operadora tem menos qualidade. No nosso caso a gente tem mais precisão só que a gente não sabe quem é a pessoa.

 

Como empresário da área de tecnologia, que mudanças você acredita que devem acontecer no padrão de consumo das pessoas, após essa pandemia?

A curtíssimo prazo isso deve afetar o varejo. As pessoas devem direcionar o consumo para coisas essenciais, especialmente por conta da crise financeira. E a longo prazo eu acho que a grande mudança deve ser o crescimento do e-commerce e da economia compartilhada.

 

Que sinais dessas mudanças já são percebidos? Algo em particular lhe chama a atenção?

Como a gente está no mundo da segurança da informação, a gente está vendo um aumento muito grande das fraudes em pagamentos online. Isso mostra um claro crescimento de e-commerce de maneira geral. A gente tem sido procurado por vários clientes pedindo ajuda para estancar a sangria das fraudes.

 

Como você imagina a InLoco nesse novo mundo que deverá surgir após o coronavírus?

Com relação à InLoco, a gente deve sair fortalecido dessa crise. A gente está vendo uma nova aplicação da nossa tecnologia e isso tem sido muito motivador para as pessoas da empresa: poder trabalhar nesse projeto, poder salvar vidas. Isso ta sendo muito positivo. A empresa está focada no segmento de segurança digital, nesse segmento de fraudes, de e-commerce, de internet banking. Isso deve aumentar o tamanho do nosso mercado. Eu penso de forma positiva no pós-covid-19. No curto prazo tivemos um impacto importante na nossa receita. A gente está se segurando, mas de forma geral eu acredito que o pós vai ser melhor para a gente.

Confira aqui o mapa do isolamento social

 

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