Durante quarentena, uso excessivo de eletrônicos pode causar a Síndrome do Olho Seco

Vanessa Moura
Vanessa Moura
Publicado em 25/03/2020 às 11:10
Foto: Pixabay
Foto: Pixabay FOTO: Foto: Pixabay

No período de quarentena e isolamento social, por causa da pandemia do coronavírus, o uso de eletrônicos permite que estejamos ainda mais conectados com tudo que pode nos unir aos outros. E é ótimo como distração por estar confinado em casa. Mas especialistas alertam: o hábito de passar horas diante do display de eletrônicos, embora ofereça entretenimento ou funcionalidade, pode também trazer consequências para pessoas de todas as idades, seja a criançada, que joga em seus tablets, ou os mais velhos que gostam de passar todo o dia em frente à TV.

Uma das consequências mais comuns é a redução da quantidade de piscadas, comprometendo a saúde ocular. Para uma boa lubrificação, o normal é piscar de 12 a 15 vezes, por minuto. Entretanto, quando estamos em frente a um dispositivo, pisca-se de três a cinco vezes menos. A oftalmologista Ana Karina Téles, do Centro de Olhos, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, alerta sobre o incômodo que é conhecido como Síndrome do Olho Seco.

A médica explica que essa questão atinge cerca de 28 milhões de brasileiros e agora os números podem resultar em volume ainda maior com o tempo que a quarentena levar. “Esse problema pode ter duas frentes, além do excesso dos displays eletrônicos: a produção de lágrimas para lubrificação do globo ocular em baixa quantidade ou lágrimas de má qualidade, como na blefarite, sendo que nesses casos os pacientes precisam de intervenção para desenvolver suas funções corretamente”, afirma Ana Karina.

Ela também lembra que é preciso investigar a origem com exames específicos, inclusive a partir de algumas doenças autoimunes que destroem a glândula lacrimal ou mesmo com o uso crônico de determinadas medicações, como os antialérgicos. "Os sintomas são parecidos com os de alergia: ardor, coceira, vermelhidão, olhos embaçados e muita sensibilidade ao se expor diante da tela, que pode ser momentânea ou em situações mais prolongadas", detalha.

Formas de cuidado

Antes mesmo de se preocupar com o tratamento, em tempos de isolamento social e medidas restritivas, é importante buscar evitar a Síndrome do Olho Seco. Ana Karina orienta algumas formas de prevenção. "É importante diminuir a exposição aos aparelhos eletrônicos; a cada meia hora deve ser feita uma pausa para piscar e lubrificar, e caso já use colírios, deve-se aumentar a frequência da utilização." Ela também explica que beber mais água, evitar o ar condicionado direto e utilizar a lente de contato de forma moderada podem contribuir para evitar esse quadro.

O tratamento mais comum é o uso do colírios. Ana Karina ainda orienta que deve-se ter cuidado na hora de escolher. Embora sejam mais baratos, vários tipos de colírios contém conservantes que podem ser agressivos para superfície ocular, quando usado por muito tempo. "Para um tratamento da Síndrome do Olho Seco mais prolongado, existem as lágrimas artificias sem conservantes que, embora mais caras, diminuem o risco de outros problemas oculares" , explica a médica.

Mas, para qualquer situação, é necessária alguma orientação de um profissional da área antes de comprar um colírio. Uma das alternativas, durante a pandemia, para quem é paciente do Instituto de Olhos do Recife, por exemplo, é a possibilidade do teleatendimento remoto, permitida por portaria do Ministério da Saúde. Muitos outros profissionais, como o Centro de Olhos, estão disponibilizando contatos por telefone ou redes socais para orientações. Na dúvida, tente falar com seu médico.

Casos no Brasil e em Pernambuco

Nesta terça-feira (24), o Ministério da Saúde atualizou os casos de coronavírus no Brasil. São 2.201 casos confirmados com 46 mortes, sendo 40 em São Paulo e 6 no Rio de Janeiro. A Secretaria Saúde de Pernambuco anunciou que subiu para cinco o número de pessoas curadas do novo coronavírus em Pernambuco. De acordo com o balanço divulgado pelo órgão nesta terça-feira (24), o número de pacientes com o novo coronavírus permanece o mesmo do divulgado anteriormente, 42. 

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Linha do tempo do coronavírus

 

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada