Pesquisadores descobrem no Brasil fóssil de dinossauro mais antigo do mundo

José Matheus Santos
José Matheus Santos
Publicado em 13/11/2019 às 12:21
Ilustração do Gnathovorax cabreirai em vida. Foto: Márcio Castro/Divulgação
Ilustração do Gnathovorax cabreirai em vida. Foto: Márcio Castro/Divulgação FOTO: Ilustração do Gnathovorax cabreirai em vida. Foto: Márcio Castro/Divulgação

Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade de São Paulo (USP) publicaram um estudo em que apresentam uma nova espécie de dinossauro predador, o Gnathovorax cabreirai. Originário do período Triássico (com aproximadamente 230 milhões de anos atrás), ele é um dos mais antigos já encontrados no planeta.

O fóssil, descoberto na região central do Rio Grande do Sul, é o mais bem preservado do tipo já encontrado no País. Bastante completo, o esqueleto revela que o animal tinha dentes pontiagudos e munidos de serrilhas, assim como garras longas nos dedos das mãos, que ajudavam a capturar as presas.

O grau de preservação permitiu que, com o uso de modernas técnicas de tomografia computadorizada, os pesquisadores reconstruíssem parte da forma do cérebro do animal. Os detalhes anatômicos do cérebro revelaram características que são comuns em répteis predadores, como regiões bem desenvolvidas relacionadas ao equilíbrio e à visão. A combinação dessas feições indica que este animal foi um predador ativo no ambiente em que viveu. O nome Gnathovorax significa “mandíbulas vorazes”.

O estudo, publicado no periódico científico internacional PeerJ, foi conduzido pelo egresso do curso de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM, Cristian Pereira Pacheco, pelos paleontólogos da UFSM Rodrigo Temp Müller, Leonardo Kerber, Flávio A. Pretto e Sérgio Dias da Silva, e pelo paleontólogo da USP, Max Cardoso Langer. O responsável por realizar a reconstrução do Gnathovorax cabreirai em vida foi o paleoartista Márcio L. Castro.

Maior dinossauro brasileiro de seu tempo

Os dinossauros dominaram a Terra durante quase toda a Era Mesozoica (entre aproximadamente 250 e 65 milhões de anos atrás). Dentre as inúmeras espécies que viveram durante este momento, muita atenção é dada aos predadores de grande porte, como o norte-americano Tyrannosaurus rex, famoso no cinema e queridinho das crianças. Assim como ele, os dinossauros predadores mais conhecidos são encontrados em rochas do Período Jurássico ou Cretáceo (entre 201 e 65 milhões de anos, respectivamente). Já no primeiro período da Era Mesozoica, o Triássico, os dinossauros carnívoros eram raros, menores e pouco conhecidos.

O bloco de rocha com o fóssil foi descoberto em 2014 em São João do Polêsine pelo paleontólogo Sérgio Furtado Cabreira. Foto: Rodrigo Temp Müller

O Gnathovorax chegava a medir 3 metros de comprimento e, apesar de ser menor que os famosos predadores do Jurássico ou Cretáceo, era um dos maiores carnívoros do ambiente em que ele vivia, e seguramente o maior dinossauro brasileiro de seu tempo. Outros dinossauros que conviveram com ele, como o Buriolestes schultzi, mediam cerca de 1,5 metros de comprimento.

Com informações da USP e da UFSM