REC'n'Play começa com participação feminina, empreendedorismo e muitos debates

Mariane Monteiro
Mariane Monteiro
Publicado em 03/10/2019 às 11:46
3ª edição do REC’n’Play acontece até o próximo sábado (05), no Bairro do Recife. Foto: Luiz Pessoa/JC360
3ª edição do REC’n’Play acontece até o próximo sábado (05), no Bairro do Recife. Foto: Luiz Pessoa/JC360 FOTO: 3ª edição do REC’n’Play acontece até o próximo sábado (05), no Bairro do Recife. Foto: Luiz Pessoa/JC360

A terceira edição do REC’n’Play ocupa espaços e ruas do Bairro do Recife até o próximo sábado (05), oferecendo ao grande público debates sobre tecnologia, economia criativa e urbanismo. Realizado pelo Porto Digital e Ampla Comunicação, em parceria com a Prefeitura do Recife e Sebrae, o evento ainda tem inscrições abertas no site www.recnplay.pe.

O evento começou na quarta-feira (02) e um dos destaques foi a presença do apresentador Luciano Huck, que falou sobre a importância do Porto Digital e lançou um sistema de vaquinha. Em um auditório lotado, com grande público acompanhando também do lado de fora através de um telão, Huck levou para o Cais do Sertão a palestra “Fazer e Acontecer, porque ninguém fará por nós”. Durante a conversa, o apresentador destacou a relevância do Porto Digital, que ele considera o Vale do Silício Nordestino. “O Porto Digital tem um simbolismo muito significante. Junta a força da sociedade civil, com academia e com o empreendedorismo”, frisou.

No evento, o apresentador Luciano Huck falou sobre a importância do Porto Digital. Crédito: Luiz Pessoa/JC360

Sobre sua vida pessoal, Huck lembrou do acidente aéreo sofrido junto com a família em 2017, que segundo ele, o fez querer convocar as pessoas a também buscarem uma transformação. “Vieram várias reflexões, de repensar porque Deus foi tão generoso; qual seria a minha missão; e a resposta para tudo ainda não veio. Mas comecei a refletir sobre o que vejo no Brasil e o que me incomoda. E o que mais me incomoda nesse país é o quanto ele é desigual”, afirmou o apresentador.

Luciano também anunciou para o público o lançamento de um financiamento coletivo para ajudar o Projeto Amor e Esperança, que atua com educação infantil em Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife. O objetivo da vaquinha é arrecadar R$ 180 mil para que a sede da instituição seja comprada. A fundadora do projeto, Nadjane Cristina, foi ao palco do auditório para comentar a situação do Amor e Esperança. "Esse projeto corre o risco de fechar se eu não tiver como pagar R$ 600 de aluguel por mês. Nossa luta é diária, mato um leão por dia. Não tenho nenhum centavo, mas acredito que esse sonho pode sair da minha mente e tornar-se realidade", explicou Nadjane, que participou da gravação de um quadro do programa Caldeirão do Huck.

Jornalistas falam do papel da imprensa

O papel do jornalismo e os veículos tradicionais e independentes nos dias de hoje também foram tema de conversa no Teatro Apolo. A jornalista Fabiana Moraes mediou o encontro “Se não incomoda ninguém, não serve para nada: o papel do jornalismo na análise crítica dos fatos”, com os jornalistas Leandro Demori, do The Intercept Brasil, e Lula Pinto, do Marco Zero Conteúdo. No bate-papo, os convidados debateram a forma como novas iniciativas de jornalismo abordam assuntos de interesse público, como a “Vaza-Jato”, série de reportagens do The Intercept Brasil.

O Teatro Apolo está na programação do festival, recebendo debates e rodas de discussão. Crédito: Luiz Pessoa/JC360

A respeito da popularização dessa novo formato de jornalismo, Lula Pinto afirmou que “ainda é uma questão de tempo”, mas considera que o Marco Zero tem conseguido furar a bolha. “A gente começou a ser lido por pessoas que há um tempo não leriam um jornal independente e tudo isso é muito interessante”, ponderou.

Leandro Demori também destacou a importância de encontros como o realizado no REC’n’Play. “É fundamental para explicar como é feito o trabalho nos veículos de comunicação, pois ninguém é obrigado a saber o papel da imprensa e muitas das críticas que a gente ouve são baseadas na desinformação. Para mim, o importante dessa conversa é realmente explicar o como funciona a imprensa, de uma forma pedagógica mesmo”, explicou o editor executivo do The Intercept Brasil.

Mulheres na tecnologia

No dia de abertura do REC’n’Play, o estímulo à participação maior das mulheres no universo da tecnologia, ciência e inovação foi tema de oficinas, palestras e workshops. No Fab Lab Recife, as 10 mulheres participantes colocaram a mão na massa em um workshop de Corte a Laser, dentro da programação do Movimento Mulheres Makers. “Elas aprenderam como fabricar uma caixa em madeira, mas as possibilidades de fabricação digital com o corte a laser são inúmeras”, explicou a CPO do Fab Lab, Letícia Falcão, destacando a necessidade de fomentar o empreendedorismo e a participação da mulher na tecnologia.

Este ano, o festival conta com mais de 50% de curadoras do sexo feminino. Crédito: Luiz Pessoa/JC360

Já o debate “Se juntas já programam, imagina juntas! - Os coletivos femininos de TI em Pernambuco” aconteceu no auditório da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) de Pernambuco. As desenvolvedoras de software Lidiane Monteiro e Karina Machado, da WWCode; e Anicely Santos, da Afropython e Pyladies; falaram de suas trajetórias pessoais e do papel dos coletivos femininos, com mediação de Talitha Albuquerque. “Eles [os coletivos de mulheres da tecnologia] incentivam o trabalho e a presença das mulheres, pois muitas vezes, nessa área ainda muito masculina, a parte mais difícil é a humana”, considera a desenvolvedora Lidiane.

Para a estudante de Engenharia da Computação Gabriela Amorim, de 19 anos, que acompanhava o debate, é importante se ver representada. “Sou a única mulher da turma, nas outras salas também são poucas, então me dá um gás ver que não estou sozinha nessa. A representatividade importa”, considera.

Voltada para meninas a partir de 15 anos, a oficina “Programa, essa menina”, com Érika Pessoa, teve como objetivo ensinar a programar um aplicativo para smartphone Android, para que as meninas tenham uma pequena base de programação e criem o interesse pela área. “Nós, mulheres, ao contrário dos homens, não somos incentivadas a ir para essa área desde pequena, acho que por isso somos poucas nos cursos”, pondera a estudante de Engenharia da Computação, Sofia Queiroz, de 18 anos.

Fotos: Luiz Pessoa/JC360

Luiz PessoaJC360 1 -
Luiz PessoaJC360 2 -
Luiz PessoaJC360 3 -
Luiz PessoaJC360 4 -
Luiz PessoaJC360 5 -
Luiz PessoaJC360 6 -
Luiz PessoaJC360 7 -
Luiz PessoaJC360 8 -
Luiz PessoaJC360 9 -
Luiz PessoaJC360 10 -
Luiz PessoaJC360 11 -
Luiz PessoaJC360 12 -
Luiz PessoaJC360 13 -
Luiz PessoaJC360 14 -
Luiz PessoaJC360 15 -
Luiz PessoaJC360 16 -
Luiz PessoaJC360 17 -
Luiz PessoaJC360 18 -
Luiz PessoaJC360 19 -
Luiz PessoaJC360 20 -
Luiz PessoaJC360 21 -
Luiz PessoaJC360 22 -
Luiz PessoaJC360 23 -
Luiz PessoaJC360 24 -
Luiz PessoaJC360 25 -
3ª edição do REC’n’Play acontece até o próximo sábado (05), no Bairro do Recife. Foto: Luiz Pessoa/JC360 - 3ª edição do REC’n’Play acontece até o próximo sábado (05), no Bairro do Recife. Foto: Luiz Pessoa/JC360
Luiz PessoaJC360 27 -
Luiz PessoaJC360 28 -
Luiz PessoaJC360 29 -
Luiz PessoaJC360 31 -
Luiz PessoaJC360 32 -