Entenda o 5G, uma tecnologia móvel disputada e sob vigilância

Jennifer Thalis
Jennifer Thalis
Publicado em 17/05/2019 às 11:17
5G
5G FOTO: 5G

Se amanhã os veículos autônomos se multiplicarem em nossas ruas e os robôs em nossas fábricas, casas e hospitais, farão isso usando o 5G, uma tecnologia móvel disputada pelos Estados Unidos e a China.

Veja um breve resumo do que a quinta geração de tecnologia da telefonia móvel oferece, de seus principais atores às preocupações que suscita.

O que mudará com o 5G

O 5G promete conectar tudo, em qualquer lugar e o tempo todo. Oferece um enorme potencial para a digitalização da economia, particularmente para a indústria.

O grupo francês Orange, por exemplo, estima que o 5G oferecerá uma velocidade até 10 vezes maior que o 4G. O tempo de download de um filme em alta definição passaria de 1h40 atualmente para apenas 20 minutos. Os usuários terão acesso mais rápido a conteúdos audiovisuais e aos jogos de streaming, um mercado em pleno crescimento.

Mas, mais do que velocidade, o que o diferencia das redes móveis anteriores é a possibilidade de fazer circular bilhões de dados, sem congestionamento.

O G5 é muitas vezes apresentado como a tecnologia da "internet dos objetos". Um mundo no qual dispositivos conectados podem "dialogar" uns com os outros sem intervenção humana.

Mas esta tecnologia é acompanhada de um risco: o roubo de milhões de dados, incluindo segredos industriais ou dados privados.

Seus principais atores

Embora as operadoras de telecomunicações sejam, na maioria dos casos, a espinha dorsal da futura rede 5G, elas contam com um número limitado de fabricantes de equipamentos.

Na prática, a batalha é travada por duas fabricantes europeias, a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia, que, em 2016, comprou a franco-americana Alcatel-Lucent e a gigante de telecomunicações chinesa Huawei.

Outros fornecedores de equipamentos estão presentes no mercado, mas em menor escala. Em especial a sul-coreana Samsung e a chinesa ZTE.

Avanços no mundo

Na Ásia, a Coreia do Sul é o país mais avançado, depois de ter implementado o 5G em seu território em tempo recorde. O Japão e a China esperam fazer isso em 2020.

Nos Estados Unidos, a AT&T lançou o primeiro serviço móvel 5G em uma dezena de cidades no final de 2018. A Verizon propõe um serviço móvel 5G desde abril em Minneapolis e Chicago. A administração Trump prevê um pacote de 20 bilhões de dólares para implantar essa tecnologia em locais mais remotos.

Na Espanha, a Vodafone lançará o 5G neste verão. E na América Latina estão sendo realizados testes com tecnologia 5G em vários países, como Brasil, México e Argentina.

Por que Huawei desperta medo?

Em menos de uma década, a gigante chinesa  tornou-se um ator importante das redes móveis. Conhecida primeiramente por sua capacidade de produzir a baixo custo, agora também se tornou a líder tecnológica da rede 5G.

Na batalha diplomática e econômica entre os Estados Unidos e a China, a origem dos equipamentos é um elemento-chave. O presidente americano Donald Trump proibiu na quarta-feira que empresas de seu país usem equipamentos de telecomunicações de empresas estrangeiras consideradas perigosas para a segurança nacional, medida que inclui a Huawei.

Os Estados Unidos, que temem uma espionagem em massa, estão pressionando seus aliados a fazer o mesmo.

Até agora, os europeus estão se movendo de maneira desordenada nesta questão. Países como a Alemanha aceitaram que a Huawei participasse da construção de suas redes. Outros, como a República Tcheca, lançaram alertas contra a Huawei.

No Reino Unido, a questão provocou até uma crise política. A primeira-ministra Theresa May demitiu seu ministro da Defesa no início deste mês. Isso aconteceu depois que um vazamento de informações revelou que seu país permitiria que a Huawei participasse da implementação da rede 5G.

A Huawei garante que seus equipamentos são fabricados com componentes de todo o mundo. Também que nunca foram defeituosos e que a segurança é essencial para a companhia. O grupo chinês, que na terça-feira se declarou disposto a assinar acordos de "não-espionagem" com governos, denunciou "restrições excessivas" em resposta à decisão dos Estados Unidos.