Polícia britânica prende fundador do WikiLeaks na embaixada do Equador em Londres

Jennifer Thalis
Jennifer Thalis
Publicado em 11/04/2019 às 8:34
Foto: Reprodução
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O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, refugiado desde 2012 na embaixada do Equador em Londres, foi detido nesta quinta-feira (11) pela polícia britânica depois que o governo de Quito retirou o asilo diplomático - informou a Scotland Yard.

"A polícia metropolitana foi convidada à embaixada pelo embaixador (do Equador) após a retirada do asilo pelo governo equatoriano", afirma uma comunicado.

No Twitter, o presidente do Equador, Lenín Moreno, declarou que o país decidiu "soberanamente" retirar o asilo diplomático de Assange.

"O Equador decidiu soberanamente retirar o asilo diplomático de Julian Assange por violar reiteradamente convenções internacionais e protocolo de convivência", tuitou Moreno.

O presidente do Equador garantiu que Assange não será extraditado para um país onde possa ser condenado à pena de morte.

Preso

Assange, 47 anos, foi levado para uma delegacia do centro de Londres, onde permanecerá até uma audiência com um juiz o mais rápido possível, completa a nota oficial.

Imagens exibidas por canais de televisão mostraram agentes da polícia de Londres retirando Assange, com uma longa barba branca, do edifício da embaixada equatoriana.

O prédio fica no elegante bairro londrino de Knightsbridge, onde o australiano entrou em 19 de junho de 2012 para escapar de um pedido de extradição da Suécia.

Na esteira dos últimos acontecimentos, a advogada da sueca que acusou Assange de estupro em 2010 diz agora que sua cliente quer a reabertura da investigação. Em maio de 2017, a três anos de sua prescrição e sem condições de levar as investigações adiante, a Suécia arquivou o caso.

"Vamos fazer de tudo para que os procuradores reabram a investigação sueca e que Assange seja enviado para a Suécia e levado à Justiça por estupro", afirmou Elisabeth Massi Fritz, em entrevista à AFP.

Documentos secretos

A plataforma de difusão de documentos secretos WikiLeaks, que alertou há vários dias que o presidente equatoriano, Lenín Moreno, estava disposto a retirar de Assange a proteção diplomática concedida há quase sete anos por seu antecessor Rafael Correa, denunciou imediatamente a decisão de Quito como "ilegal" e "em violação ao direito internacional".

"Lenín Moreno, nefasto presidente do Equador, demonstrou sua miséria humana ao mundo, entregando Julian Assange - não apenas asilado, mas também cidadão equatoriano - à polícia britânica", tuitou Correa, que agora vive asilado na Bélgica.

"Isto coloca em risco a vida de Assange e humilha o Equador. Dia de luto mundial", completou.

O ex-presidente do Equador Rafael Correa acusou seu sucessor de ser "o maior traidor da história" latino-americana e de cometer um "crime" por entregar o fundador do WikiLeaks.

"Moreno é um corrupto, mas o que fez é um crime que a humanidade nunca esquecerá", tuitou Rafael Correa, que hoje vive na Bélgica, horas depois de a polícia britânica prender Assange.

A Rússia também reagiu à decisão, acusando as autoridades britânicas de "estrangular a liberdade".

"A mão da 'democracia' estrangula a liberdade", disse no Facebook a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova.

"Esperamos que todos os seus direitos sejam respeitados", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.