Radiotelescópio europeu detecta milhares de novas galáxias

Jennifer Thalis
Jennifer Thalis
Publicado em 20/02/2019 às 10:09
Lofar
Lofar FOTO: Lofar

AFP - Uma equipe de 200 astrônomos revelou a existência de milhares de novas galáxias e objetos celestes. Isso foi possível graças a um inovador radiotelescópio europeu chamado LOFAR. Até então, a maioria das galáxias eram desconhecidas..

"Abrimos uma nova janela para o universo", explicou à AFP Cyril Tasse, um astrônomo do Observatório de Paris. Cyril participou no projeto, divulgado nesta terça-feira (19).

Embora o universo seja infinito, os astrônomos consideram que a parte "observável" tem quase 100 bilhões de galáxias.

A descoberta foi possível graças a um novo instrumento "revolucionário", segundo os astrônomos, o radiotelescópio LOFAR (Low Frequency Array). Ele possibilitou a elaboração de um novo mapa do céu, tema de 26 artigos na revista Astronomy & Astrophysics.

O LOFAR é um dos maiores radiotelescópios do mundo, com quase 100 mil antenas espalhadas pela Europa.

O aparelho

A rede foi inaugurada em 2010 e tem particularidade de operar em frequência muito baixa (entre 10 e 250 megahertz). Ou seja, consegue "ver" o universo através de suas partículas que emitem a baixa frequência, as partículas ultra-energéticas.

Para escrutar o universo, os astrônomos dispõem de diferentes tipos de telescópios. Alguns, como o LOFAR, detectam as ondas radioelétricas emitidas pelos objetos celestes. Já outros detectam os raios X ou os raios ópticos, no mundo visível ou por infravermelhos.

"Os mapas do LOFAR não têm nada a ver com o que se pode observar com uma frequência maior, é totalmente novo", afirma Cyril Tasse.

Após milhares de horas de observação, por mais de três anos, o radiotelescópio europeu confeccionou seu primeira mapa do céu. Nele aparecem "coisas que conhecíamos e outras que não, totalmente novas e surpreendentes".

"Agora estas imagens são públicas e permitirão aos astrônomos estudar a evolução das galáxias com uma precisão sem precedentes", afirma em um comunicado Timothy Shimwell, do Instituto Holandês de Radioastronomia (ASTRON), que estuda os dados, e da Universidade de Leyde.

O mistério dos buracos negros

Além de centenas de milhares de galáxias, das quais 90% ainda não haviam sido detectadas, e de alguns objetos "enigmáticos", o radiotelescópio também encontrou um grande cúmulo de galáxias.

Quando entram em colisão, estes objetos, "os maiores do universo", geram emissões de rádio que podem estender-se em milhões de anos-luz. "Em astronomia, quanto mais longe olhamos, mais observamos o passado", explica Cyril Tasse.

"Das centenas de milhares de galáxias detectadas, algumas são muito próximas e portanto muito recentes. Outras muito afastadas, ou seja, muito antigas".

O objeto cartografado mais distante fica a mais de 11 bilhões de anos-luz, um testemunho do universo bilhões de anos depois do Big Bang.

Os astrônomos esperam desta maneira conhecer mais sobre a formação dos buracos negros supermaciços, um dos grandes mistérios do universo.

Um buraco negro é um objeto celeste que possui uma massa extremamente importante em um volume muito pequeno.

Há dois tipos: os buracos negros estelares, que se formam ao final do ciclo de vida de uma estrela, e os buracos negros supermaciços, que têm galáxias no centro e que possui um peso entre um milhão e um bilhão de vezes o do Sol e dos quais se ignora a origem.

Os cientistas do projeto internacional LOFAR esperam que em 2024 o telescópio terá permitido detectar 15 milhões de fontes de rádio e possibilitado 48 petaoctetos de dados, "o equivalente a uma pilha de DVDs com a altura de quase 40 torres Eiffel".