Trump não acredita em relatório de seu governo sobre mudanças climáticas

Agence France-Presse
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Publicado em 27/11/2018 às 10:21
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Jim WATSON / AFP)
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Jim WATSON / AFP) FOTO: Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Jim WATSON / AFP)

O presidente Donald Trump disse nesta semana que não acredita no relatório divulgado na semana passada por seu próprio governo alertando para grandes perdas econômicas caso as emissões de carbono continuem a alimentar as mudanças climáticas.

"Eu não acredito", disse Trump na Casa Branca, acrescentando que os Estados Unidos não tomarão medidas para reduzir as emissões se o mesmo não for feito em outros países.

Trump disse que leu "alguns" trechos do relatório e que estava "bom". No entanto, ele rejeitou o alerta central na Avaliação Nacional do Clima, que indica que haverá perdas de centenas de bilhões de dólares até o final do século devido à mudança climática se não houver uma "mitigação global substancial e sustentada".

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"Não, não, eu não acredito", ele repetiu. "Você vai ter que ter China e Japão e toda a Ásia e todos esses outros países, você sabe. Este (relatório) se dirige ao nosso país", disse ele. "Agora estamos mais limpos do que já fomos. E isso é muito importante para mim. Mas se estamos limpos, mas todos os outros lugares da Terra estão sujos, isso não é tão bom. Então eu quero ar limpo, eu quero água limpa, isso é muito importante".

De acordo com o relatório, as mudanças climáticas "causarão perdas crescentes à infraestrutura e propriedade americanas e deterão a taxa de crescimento econômico ao longo deste século". Os efeitos afetarão o comércio global, os preços de importação e exportação e os negócios dos EUA com operações no exterior e cadeias de fornecimento, acrescentou.

Trump tem sustentado durante muito tempo que desconfia do consenso de quase todos os renomados cientistas do clima sobre a relação entre a atividade humana e o aumento da temperatura, assim como com outros fenômenos prejudiciais atribuídos à mudança climática.

Desde que assumiu a presidência, em 2016, retirou os Estados Unidos do acordo climático de Paris para tentar reduzir as temperaturas globais e voltou trás em uma série de leis e regulamentos sobre proteção ambiental, alegando que a economia dos Estados Unidos precisa de um impulso.

Durante uma visita para ver os danos causados ??por furacões no estado da Geórgia (sul), em outubro, o presidente disse que a mudança climática "é algo que vem e vai", ao invés de ser permanente.

Também se mostrou cético sobre a publicação de um importante relatório da ONU, em outubro, que advertiu sobre o caos do aquecimento global, dizendo: "Quero ver quem fez isso, vocês sabem, que grupos o fizeram, porque eu posso dar-lhes relatórios que são fabulosos, e eu posso dar relatórios que não são tão bons".