Pele 'fotossintética' que regenera tecidos é criada por chilenos

Agence France-Presse
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Publicado em 15/11/2018 às 19:43
Tecidos têm a capacidade de produzir oxigênio na zona afetada com a estimulação da luz, possibilitando com isso o processo regenerativo | Foto: Pixabay
Tecidos têm a capacidade de produzir oxigênio na zona afetada com a estimulação da luz, possibilitando com isso o processo regenerativo | Foto: Pixabay FOTO: Tecidos têm a capacidade de produzir oxigênio na zona afetada com a estimulação da luz, possibilitando com isso o processo regenerativo | Foto: Pixabay

Um grupo de cientistas chilenos desenvolveu uma pele fotossintética – que gera oxigênio - a partir de microalgas, utilizada para a regeneração de tecidos úteis nos tratamentos de lesões e úlceras.

Diferentemente das peles sintéticas já utilizadas para o tratamento de lesões – como queimaduras ou traumatismos -, este tecido é capaz de produzir oxigênio na zona afetada com a estimulação da luz, possibilitando com isso o processo regenerativo, explicou um dos líderes do projeto, o engenheiro em biotecnologia molecular Tomás Egaña.

Quando ocorre uma ferida, um infarto ou outra condição que danifica os vasos sanguíneos, as equipes médicas devem evitar a morte dos tecidos por falta de oxigênio. Uma menor oxigenação impacta também na sobrevivência de um tumor à radioterapia, por exemplo.

"Criamos a primeira geração de materiais fotossintéticos que produzem e liberam oxigênio com a estimulação da luz, melhorando assim a oxigenação dos tecidos", disse Egaña em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira para apresentar o chamado projeto Hulk, sigla em alemão de "Indução de hiperóxia sob condições de luz".

Os primeiros testes, criados após uma mistura de biomateriais com a microalga Chlamydomonas reinhardti, conseguiram demonstrar aumentos na concentração local de oxigênio de mais 50 vezes. O resultado é uma espécie de película de plástico verde que adere à pele que se quer regenerar.

A pesquisa, que contou com a colaboração de universidades da Alemanha, é desenvolvida há sete anos e hoje tramitam patentes nos Estados Unidos, Japão, Canadá e Europa.

Nas próximas semanas terá início, no Chile, o primeiro ensaio clínico em humanos, com 20 pacientes do Hospital Salvador de Santiago, nos que se medirá a inocuidade do tratamento.

Em relação ao futuro desta inovação em termos médicos, Egaña ressalta seu eventual uso para tratar feridas em diabéticos. "Só nos Estados Unidos se amputam 82.000 pés de diabéticos por ano, o que poderia mudar drasticamente se esses tecidos produzissem seu próprio oxigênio a uma velocidade elevada", diz o especialista.

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