[Crítica] Animais fantásticos - Os crimes de Grindelwald

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 13/11/2018 às 8:30
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald chega aos cinemas de todo o Brasil na próxima quinta (15)
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald chega aos cinemas de todo o Brasil na próxima quinta (15) FOTO: Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald chega aos cinemas de todo o Brasil na próxima quinta (15)

Foram dois anos de espera para os fãs de Harry Potter até a segunda aventura do spin-off de J.K. Rowling para a saga bruxa de maior sucesso do cinema. Para quem já não aguentava mais de curiosidade pelos desdobramentos desde a primeira missão assumida pelo magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne), talvez seja bom ir se preparando para sair da sala de cinema com a cabeça fervilhando ainda mais pelo que virá nessa sequência.

Isso porque se o primeiro filme da franquia é uma aventura, digamos ainda introdutória para nos apresentar personagens e o contexto histórico que conduziu ao grande arco dessa história, que é o duelo entre Grindelwald e Dumbledore (embate mais comentado de todos os tempos da era pré-Harry Potter), o segundo segue a mesma linha, só que dessa vez entregando uma imensa quantidade de novos elementos, bem mais determinantes, e personagens bastante aguardados, como o próprio Dumbledore - magistralmente interpretado por Jude Law -, o famosíssimo Nicolau Flamel e Nagine - a maledictus que mais tarde, na linha cronológica da história, assumirá permanentemente a forma da serpente que acompanha o Lord Voldemort.

{Atenção: pode conter alguns spoilers!}

O filme inicia nos situando da fuga de Grindelwald, vilão interpretado por Johnny Depp, da prisão em que foi colocado pela Macusa (Congresso Mágico dos EUA), para reunir seguidores e colocar em prática o seu plano de supremacia bruxa. Newt está de volta a Londres, onde recebemos a primeira notícia-bomba: Credence, o jovem-obscuro apresentado no primeiro filme, está vivo e em busca de sua verdadeira família em Paris. Grindelwald, claro, se dirige até lá para tentar cooptar de vez o poderoso bruxo para lutar por sua causa. Newt então recebe uma nova missão de Dumbledore, para a qual contará mais uma vez com o apoio dos amigos Jacob Kowalski, Queenie e Tina Goldstein.

Destaque para a brilhante atuação de Deep. Pouquíssimo explorado em Animais Fantásticos e Onde Habitam, o antagonista dessa história finalmente ganhou seu devido espaço e o ator, apesar de controverso em meio às polêmicas que surgiram após o primeiro filme, rouba a cena cada vez que aparece na tela e apresenta um vilão extremamente intenso, poderoso e persuasivo.

Retomando o que foi dito no início, outro que merece louvor no elenco é Jude Law, que deu vida ao jovem Alvo Dumbledore. O ator está magnífico no papel, apresentando-se como uma figura enigmática e ao mesmo tempo encantadora, que convence Newt de que ele deve viajar para Paris para encontrar Credence e, mais uma vez, frustrar os planos do bruxo das trevas. O filme começa a explorar a profunda relação entre Dumbledore e Grindelwald, dando pistas do que levou aos rumores de um envolvimento amoroso entre os bruxos.

Os crimes de Grindelwald é um deleite para os nostálgicos. Inclui referências bem específicas ao universo de Hogwarts que já conhecemos e amamos, fascinantes versões mais novas dos personagens antigos, como a professora McGonagall, e uma série de lembranças das aulas e feitiços na famosa escola de magia e bruxaria, com direito a uma leve e deliciosa cena onde o jovem Newt enfrenta seu bicho-papão na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

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Somado a esses aspectos, o visual da película é arrebatador, com cenas ambientadas nas charmosas Londres e Paris de 1920. É quase tão espetacular quanto o thriller de abertura, com novas criaturas fantásticas idealizadas cuidadosamente para ele, algumas invenções bem espirituosas, efeitos especiais eletrizantes e atores irretocáveis. Os traços da criatividade brilhante de J.K. Rowling e sua capacidade de tornar críveis os mais inventivos, complexos e grandiosos cenários estão presentes - e são inspiradores - como sempre. Falta um pouco mais de aventura na narrativa, apesar das cenas iniciais da fuga de Grindelwald da prisão serem de tirar o fôlego.

Para os não-egressos de Harry Potter, o filme pode apresentar uma complexidade ainda maior de compreensão, dada a imensa quantidade de plots inseridos, que acabam dispersando a trama central. Rowling, que foi roteirista dessa produção, despejou sobre ela uma enorme colcha de detalhes, justamente como fazia com seus livros, e acabou por torná-la densa demais. Os fãs da franquia não tão apegados ao mundo bruxo talvez não saiam, digamos assim, tão encantados.

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald chega aos cinemas na próxima quinta-feira, 15 novembro de 2018. As outras continuações têm estreias previstas para 2020, 2022 e 2024.

Ficha Técnica

Título: Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald)

Ano: 2018

Data de lançamento: 15 de novembro

Direção: David Yates

Classificação: 12 anos

Duração: 134 minutos

Sinopse: Newt Scamander reencontra os queridos amigos Tina Goldstein, Queenie Goldstein e Jacob Kowalski. Ele é recrutado pelo seu antigo professor em Hogwarts, Alvo Dumbledore, para enfrentar o terrível bruxo das trevas Gellert Grindelwald, que escapou da custódia da Macusa (Congresso Mágico dos EUA) e reúne seguidores, dividindo o mundo entre seres de magos sangue puro e seres não-mágicos.