Difusão de 'fake news' no WhatsApp 'preocupa' missão eleitoral da OEA no Brasil

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 26/10/2018 às 15:15
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A difusão de "fake news" pelo WhatsApp na campanha presidencial brasileira teve um "alcance nunca antes visto" e tem sido uma "preocupação constante" para os observadores da Organização de Estados Americanos (OEA), disse nesta quinta-feira (25), em São Paulo, a chefe da missão, Laura Chinchilla.

"É a primeira vez que, em uma democracia, estamos observando o uso do WhatsApp para divulgar notícias falsas", declarou Chinchilla na saída do encontro com dirigentes do Partido dos Trabalhadores, do candidato Fernando Haddad.

O candidato do Partido Social Liberal, Jair Bolsonaro, se impôs no primeiro turno, em 7 de outubro, com 46% dos votos, contra 29% de Haddad. Os dois disputarão o segundo turno, em 28 de outubro, com Bolsonaro como grande favorito.

Nas últimas três semanas, a campanha esteve marcada por denúncias, especialmente do PT, de "fake news". Jornalistas que denunciaram o uso maciço e premeditado do WhatsApp com fins eleitorais por partidários de Bolsonaro foram ameaçados.

"O fenômeno das notícias falsas está pegando de surpresa quase todas as democracias do mundo, e o que estamos vendo é que as autoridades muitas vezes estão sendo superadas. É um fenômeno muito recente, além da magnitude que, talvez, não tivesse sido considerada", declarou Chinchilla, ex-presidente da Costa Rica.

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"Aprendemos nas eleições dos Estados Unidos que as 'fake news' são importantes, mas eram usadas nas redes públicas e faziam previsões" a partir delas, explicou.

"O novo que acontece no Brasil, para o que não estavam preparados, é que (a difusão maciça de 'fake news') se move das redes públicas para as privadas, como o WhatsApp", acrescentou.

Chinchilla também disse que este fenômeno "sem precedentes" usado para mobilizar o voto popular "foi utilizado com um alcance nunca antes visto".

A porta-voz chamou a atenção para o "discurso que tende a incentivar a violência política" e defendeu um tom construtivo nas campanhas.

Chinchilla disse que também recebeu denúncias da equipe de Bolsonaro, com quem não se encontrou.  Acrescentou que foram apresentadas às autoridades e que "vamos nos comprometer a acompanhar".

© Agence France-Presse