O Oscar da Ciência ou o Nobel do Vale do Silício entregue a 9 cientistas

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 17/10/2018 às 17:29
Noite do Prêmio Breakthrough/ Divulgação FOTO:

Nove cientistas internacionais receberam nesta quarta-feira um "Prêmio Breakthrough" de três milhões de dólares, lançado há seis anos por executivos do Vale do Silício para restaurar o prestígio da pesquisa básica.

Física básica, ciências da vida e matemática: um total de seis homens e três mulheres foram premiados, incluindo quatro pesquisadores que compartilharam dois prêmios, os outros cinco receberam três milhões cada.

O anúncio dos vencedores desta sétima edição foi feito nesta quarta-feira, e uma cerimônia com tapete vermelho e astros da música e de Hollywood, apresentada pelo ator Pierce Brosnan, acontecerá no dia 4 de novembro no centro de pesquisas da NASA no Vale do Silício.

Entre eles, o pesquisador francês em matemática pura do CNRS Vincent Lafforgue, de 44 anos. "Estou pronto para a brincadeira, é a cultura americana...", disse à AFP.

O pioneiro russo da internet Yuri Milner criou o prêmio para tentar transformar os pesquisadores em estrelas, a fim de popularizar o papel da pesquisa básica e defender o investimento público.

O criador do Facebook Mark Zuckerberg e sua esposa Priscilla Chan; o co-fundador do Google Sergei Brin; a fundadora do site de genética 23andMe Anne Wojcicki; e Ma Huateng, chefe do gigante da internet Tencent, são os outros patrocinadores do prêmio.

"Breakthrough" não procura necessariamente aplicações concretas dos trabalhos premiados. Ao contrário do Nobel, cujos vencedores são às vezes aposentados, o prêmio está interessado em descobertas recentes.

- Beleza da pesquisa -

"Fazemos aritmética pela beleza, mas não para aplicações", explica Vincent Lafforgue, ressaltando que existem aplicações na criptografia.

Ele mesmo se dedicou a vários assuntos durante sua carreira, graças à liberdade proporcionada por um cargo permanente no CNRS, e observa: "até mesmo os Normais estão lutando para ter posições de pesquisa hoje".

"Os objetos matemáticos que estudamos têm belezas e harmonia que infelizmente são difíceis de explicar para os não-matemáticos", acrescenta o matemático.

Cinco pesquisadores, todos baseados nos Estados Unidos, ganharam prêmios de ciências da vida, escolhidos, como os outros, por um comitê de seleção.

Dois descobriram um processo relacionado ao DNA que levou a um medicamento contra uma rara doença genética infantil, a atrofia muscular espinhal (Frank Bennett e Adrian Krainer).

Adrian Krainer (AFP/ Divulgação)

A chinesa Xiaowei Zhuang (Harvard), descrita como "criança prodígio", desenvolveu uma nova ferramenta de imagem molecular.

Zhijian "James" Chen (Universidade do Texas), também nascido na China, foi premiado pela descoberta de uma enzima que marca o DNA e pode estar associada a doenças auto-imunes.

No prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a bióloga austríaca Angelika Amon, foi recompensada por suas descobertas sobre aneuploidia: quando uma célula não tem o número normal de cromossomos.

Este trabalho pode um dia, talvez, levar a novos medicamentos contra o câncer, porque os tumores quase sempre têm um número anormal de cromossomos.

"Mas sinceramente, para mim, a principal motivação não é desenvolver novos tratamentos. Eu ficaria feliz se isso acontecesse, mas como pesquisadora de base, estamos interessados ??em aprender coisas novas e expandir as perspectivas das pessoas", diz Angelika Amon, de 51 anos, à AFP.

Angelika Amon (AFP/ Divulgação)

"Não há nada como descobrir algo", acrescenta ela. "Quando você já provou, torna-se um vício, mesmo que na maioria das vezes, não não obtemos as respostas que queríamos".

Na física, Charles Kane e Eugene Mele (UPenn) e Jocelyn Bell Burnell (Oxford, Prêmio Especial) foram premiados. E seis prêmios de US$ 100.000 foram concedidos a 12 pesquisadores por seus trabalhos promissores de início de carreira.

© Agence France-Presse

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