Aparelhos eletrônicos podem causar graves consequências nas crianças, diz estudo

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 28/09/2018 às 12:09
(Foto/ Divulgação) FOTO:

As crianças que passam mais de duas horas por dia em frente a telas têm menos capacidades cognitivas do que as que estão menos expostas a elas, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (26) na revista britânica Lancet Child and Adolescent Health.

O estudo realizado por pesquisadores canadenses (Instituto CHEO/Universidade de Ottawa/Carleton University) analisou os dados de 4.520 crianças de entre oito e 11 anos em 20 locais dos Estados Unidos.

Em média essas crianças passavam 3,6 horas por dia em frente a uma tela de celular, tablet, computador, ou televisão, acima das recomendações canadenses, que sugerem menos de duas horas em frente às telas, nove a 11 horas de sono e uma hora de atividade física por dia.

Entre todas as crianças que participaram do estudo, apenas um americano em cada 20 (5%) cumpre as três recomendações canadenses. E quase um terço (29%) não cumpre nenhuma: sono suficiente, tempo de tela limitado e atividade física.

Somente metade das crianças (51%) dormem o bastante, 37% passam menos de duas horas diante das telas e 18% praticam uma hora de atividade física diária, segundo os questionários preenchidos pelas famílias.

(Foto/ Divulgação)

Depois de fazer testes cognitivos sobre linguagem, memória, reação, concentração, o estudo revelou uma ligação clara entre o tempo passado diante das telas, o sono e o resultado das crianças.

"Comprovamos que mais de duas horas em frente às telas para as crianças prejudica o seu desenvolvimento cognitivo", indica o médico Jeremy Walsh, do Instituto CHEO do Canadá, que estimula pediatras, pais, educadores e governantes a limitarem o tempo de exposição às telas das crianças e a converterem o sono em um assunto prioritário.

Entre os três critérios estudados - sono, telas e atividade física -, o descanso e a exposição às telas são os que têm mais consequências sobre as faculdades intelectuais das crianças, enquanto a atividade física por si só não tem um impacto na capacidade cognitiva, embora seja o fato mais importante para uma boa saúde.

As recomendações sobre o sono e a atividade física do Canadian 24-Hour Movement, publicadas em 2016, se ajustam às da Organização Mundial da Saúde, mas esta não faz nenhuma sugestão específica sobre as telas, assinala a pesquisa.

Pedagogos e cientistas alertam cada vez mais sobre as consequências da alta exposição às telas, que podem provocar dificuldades de concentração e até vícios.

© Agence France-Presse

Leia Mais

Novo golpe da internet diz que conta de e-mail foi hackeada

Menino com doença terminal ganha Fallout 76, game que será lançado em novembro