Resgate do Museu Nacional demorará anos e pode ter ajuda de impressoras 3D

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 19/09/2018 às 8:54
Imagem aérea mostra o dano causado pelo incêndio no Museu Nacional (AFP PHOTO / Mauro Pimentel)
Imagem aérea mostra o dano causado pelo incêndio no Museu Nacional (AFP PHOTO / Mauro Pimentel) FOTO: Imagem aérea mostra o dano causado pelo incêndio no Museu Nacional (AFP PHOTO / Mauro Pimentel)

Mariana Haubert (Estadão Conteúdo)

Segundo a Diretora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, o Museu Nacional, que teve a maior parte da estrutura destruída por um incêndio neste mês, tem um backup atualizado em fevereiro de todo o acervo, o que permitirá que, mesmo que não seja possível de ser recuperado, possa ser reproduzido com a ajuda de novas tecnologias - como impressoras 3D.

A informação foi dada durante apresentação da missão oficial da Unesco, que veio ao Brasil em missão de emergência para auxiliar na recuperação do Museu Nacional. O grupo ainda visitará outros seis museus no Rio de Janeiro nesta semana para avaliar a situação de risco em que se encontram seus acervos. O objetivo é elaborar recomendações ao governo federal e às instituições responsáveis por eles para que sejam evitadas tragédias e degradação ou perda de objetos e documentos.

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A missão visitará o Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional. As outras quatro instituições ainda serão selecionadas. "Outra parte da nossa missão inclui a investigação rápida de outros museus no Rio para averiguar riscos e para, eventualmente, lançar um projeto que seja mais inclusivo e para prevenir situações como esta", afirmou a chefe da Missão de Emergência da Unesco para o Museu Nacional, Cristina Menegazzi.

"A ideia é aplicar a metodologia de análise de riscos que a gente já vem aplicando no setor do patrimônio cultural e nos permite avaliar de forma abrangente os riscos que afligem o patrimônio cultural", completou o consultor do Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais (ICCROM), José Luiz Pedersoli Junior.

O crânio de Luzia e a reprodução de como seria seu rosto, em exposição no Museu Nacional, no Rio de Janeiro (Divulgação)

Ele e Menegazzi chefiam a missão de emergência no Brasil, que é composta ainda por dois especialistas alemães em recuperação de objetos em situações como a do Museu Nacional. A missão visitou o Museu Nacional na semana passada fez recomendações para ações prioritárias, como a cobertura do prédio para evitar que o sol e a chuva prejudiquem o que está sob os escombros.

Recuperação lenta

Menegazzi afirmou que a recuperação do museu deverá levar anos, principalmente pela complexidade do incêndio. A dificuldade é conseguir separar o que é escombro do que tem valor histórico e científico. "Será um trabalho praticamente de arqueologia", definiu Pedersoli. As informações são do jornal O Estado de S Paulo.