Filmes como 'Ferrugem' e 'Yonlu' refletem o mundo da internet

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 30/08/2018 às 10:33
Ferrugem/ Foto: Divulgação FOTO:

Estadão Conteúdo

No filme Ferrugem, adolescente vira pária social na escola depois que vaza o vídeo que o namorado e ela fizeram, tendo relações sexuais.

Nesta quinta também estreia Yonlu, de Hique Montanari, baseado na história real de garoto de 16 anos que foi buscar apoio num grupo de suicidas na internet.

Em vez de um abraço amigo para enfrentar - e superar - a crise, recebeu o empurrão para a morte e suicidou-se diante da câmera.

Que mundo é esse? O que está ocorrendo com essa juventude refém do celular, das redes sociais? Que tipo de crise, que mal-estar a consome?

São questões que interessam aos pais, a educadores e aos jovens, bem-entendido. O cinema escancara a angústia.

Tal é a importância de um filme como Ferrugem. Do ponto de vista do diretor e corroteirista Muritiba, pode-se dizer que suas ficções - caso, também, da anterior Para Minha Amada Morta - são contaminadas por sua atividade como documentarista, que decorre, e muito, da função primeira como agente penitenciário.

Seu documentário O Agente é muito fruto dessa experiência, que depois se reflete nas ficções, que são histórias de crimes.

Yonlu/ Foto: Divulgação

Tanto Para Minha Amada Morta como Ferrugem contam histórias sobre como imagens - a descoberta de um vídeo que expõe um adultério, outro vídeo que transforma uma garota numa vadia para a comunidade inteira de Whatsapp da sua escola - levam a desdobramentos perigosos.

Ferrugem divide-se em duas partes. Na primeira, pelo ângulo da garota, o que se conta é a história do vazamento do vídeo.

Na segunda, do ângulo de um amigo, não apenas as consequências como descobertas - revelações surpreendentes.

Para Muritiba, suas duas ficções - vem aí uma terceira, Deserto Particular - estão embasadas num fenômeno muito contemporâneo. O temor do homem diante do empoderamento feminino, dessa nova mulher que não tem mais medo de assumir sua sexualidade.

Do ponto de vista da carteira de filmes globais, o tema é outro - os jovens dominam as ferramentas dos celulares, dos aplicativos, mas ainda não têm maturidade para avaliar suas implicações morais.

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