Hackers roubam 1,5 milhão de informações médicas em Singapura

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 20/07/2018 às 13:58
Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP
Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP FOTO: Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP

Por Elizabeth Law / AFP

Hackers roubaram boletins médicos de 1,5 milhão de singapurianos, incluindo do primeiro-ministro Lee Hsien Long, um dos alvos desse ataque "sem precedentes", informaram autoridades nesta sexta-feira (20).

Um banco de dados do Estado de Singapura foi alvo de um "ataque deliberado, seletivo e bem planejado", indicaram os Ministérios da Saúde e da Informação em um comunicado.

Trata-se do roubo de dados mais importante na história deste arquipélago do Sudeste Asiático, com 5,8 milhões de habitantes.

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O ataque ocorreu entre 27 de junho e 4 de julho. "Os hackers se concentraram especificamente em informações pessoais e os boletins do tratamento ambulatorial do primeiro-ministro Lee Hsien Loong", declarou o ministro da Saúde, Gan Kim Yong, em entrevista coletiva.

As investigações realizadas pela agência de segurança cibernética de Singapura "mostraram que se tratou de um ataque deliberado, direcionado e bem planejado" e que não havia sido realizado por hackers comuns ou criminosos de menor periculosidade.

As autoridades não informaram a identidade dos hackers, por razões de "segurança profissional". Mas asseguraram que os dados do primeiro-ministro não foram publicados na Internet.

"Eu não sei o que os criminosos esperavam encontrar", escreveu o primeiro-ministro no Facebook, "talvez estivessem procurando por um segredo de Estado ou pelo menos alguma informação pessoal que pudesse me embaraçar".

"Meus boletins médicos não são algo de que eu costumo falar, mas não contêm nada perturbador", acrescentou.

Criminosos roubaram dados pessoais e tratamentos de pacientes

Os hackers usaram um computador infectado com um malware (vírus) para acessar um banco de dados entre 27 de junho e 4 de julho, antes de os administradores detectarem "uma atividade incomum", segundo as autoridades.

Os dados roubados incluem informações pessoais, bem como tratamentos de pacientes, mas em nenhum caso os registros médicos completos, disseram os ministérios da Saúde e da Informação. Uma comissão liderada por um ex-juiz irá iniciar uma investigação sobre esse ataque.

"Os Estados reúnem cada vez mais informações por meio de operações de espionagem cibernética", o que pode afetar nossas vidas diárias, explicou Eric Hoh, presidente para a Ásia do grupo de segurança cibernética FireEye.

O diretor de espionagem dos Estados Unidos, Dan Coats, alertou em meados de julho para um aumento significativo nos ataques de hackers contra o seu país.

Coats considerou que os "piores" autores de ataques cibernéticos são a China, Irã, Coreia do Norte e Rússia, que ele considerou "o ator estrangeiro mais agressivo, sem qualquer dúvida".

Em sua mensagem no Facebook, o primeiro-ministro de Singapura alertou que "aqueles que tentam penetrar em nossos sistemas de dados são altamente qualificados e determinados, têm enormes recursos e nunca param de tentar".

A próspera cidade-Estado de Singapura deu grandes passos na digitalização dos bancos de dados da administração pública. Um grupo de hackers já acessou um banco de dados do Ministério da Defesa no ano passado e roubou informações pertencentes a 850 funcionários.