Pesquisadores do CIn-UFPE estudam aplicação de Inteligência Artificial no combate ao Aedes Agypti

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 16/05/2018 às 14:57
Foto: Hugo Boner/CIn-UFPE
Foto: Hugo Boner/CIn-UFPE FOTO: Foto: Hugo Boner/CIn-UFPE

Longe de criar máquinas conscientes que nos aniquilarão no futuro, o desenvolvimento da Inteligência Artificial tem como objetivo ajudar a nossa própria tomada de decisões (não é por acaso que muitos especialistas preferem o termo "inteligência aumentada"). Um exemplo disso está sendo trabalhado pelos pesquisadores do Centro de Informática (CIn) da UFPE.

A ideia da equipe é melhorar o planejamento de ações preventivas contra doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Por isso, os pesquisadores estão criando métodos automáticos de contagem de ovos depositados pelo mosquito - e assim, melhorar a verificação das epidemias através da expansão do uso de armadilhas.

O projeto surgiu em 2017 através da iniciativa do professor Leandro Almeida e conta atualmente com a colaboração da pesquisadora Rosângela Barbosa, do Departamento de Entomologia da Fiocruz, do professor do IFPE Prof. Meuse Oliveira, além dos alunos de graduação e mestrado do Centro. Segundo Leandro, “a pesquisa é importante para resolver o gargalo da contagem manual de ovos de mosquito, que impossibilita a expansão desse uso de armadilhas” por ser um método cansativo, demorado e tendencioso.

Para realizar o levantamento de dados a respeito da proliferação do Aedes aegypti hoje, têm se utilizado armadilhas para a captura de ovos do mosquito, que são depositados em cartões (palhetas). A diferença é que, ao invés de utilizar a contagem manual, o projeto de pesquisa busca soluções voltadas para a automação dessa contagem.

As soluções compreendem uma parte (hardware) para a aquisição de imagens e outra parte de software com Inteligência Artificial que reconhece e conta automaticamente os ovos do mosquito nessas imagens. A automação possibilita expandir o uso de armadilhas, além de melhorar a qualidade das contagens e agilizar o levantamento de densidade de mosquitos.

Resultados

Até então, foram realizadas contagens automáticas em cartões contendo os ovos de mosquitos através de técnicas de processamento de imagens com boa taxa de precisão e baixo custo associado. As pesquisas avançam para testes com cartões contendo maiores quantidades de ovos e também maior diversidade de cartões, além de soluções que utilizam Inteligência Artificial de ponta como Redes Neurais Profundas para uma maior precisão no reconhecimento e contagem dos ovos.

Considerando a necessidade de aprimorar o planejamento das ações preventivas que envolvem o combate às diversas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, tais como febre amarela, dengue, Zika, dentre outras, o professor Leandro Almeida avalia a importância de sua pesquisa.

“A prevenção tem um custo muito menor que ações tardias e a coleta de informações precisas e rápidas são fundamentais para a construção de políticas públicas eficazes”, comenta. Para Marília Saraiva, aluna de pós-graduação do CIn e integrante do grupo de pesquisa, além da contribuição em termos de saúde pública, o projeto é também uma oportunidade para “pôr em prática muitas das coisas que aprendi durante minha graduação e aplicá-las para solucionar um problema real”.