SXSW: Empresas brasileiras fecham US$ 115,9 milhões em negócios

Maria Luiza
Maria Luiza
Publicado em 21/03/2018 às 7:07
Painel de Kobra na Churrascaria Fogo de Chão foi pintado durante a SXSW 2018. Foto: Maria Luiza Borges/SJCC
Painel de Kobra na Churrascaria Fogo de Chão foi pintado durante a SXSW 2018. Foto: Maria Luiza Borges/SJCC FOTO: Painel de Kobra na Churrascaria Fogo de Chão foi pintado durante a SXSW 2018. Foto: Maria Luiza Borges/SJCC

 

Empresas brasileiras que participaram da missão organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex-Brasil) no festival South by Southwest (SXSW), realizado em Austin, no Texas, de 9 a 18 de março, contabilizaram US$ 115,9 milhões em negócios, considerando contratos imediatos e previsões para os próximos 12. Das 77 participantes, 58 reportaram o fechamento de negócios durante o festival, um dos maiores da economia criativa em todo o mundo. Além disso, ao longo do evento, foram realizado 1654 contatos com potenciais compradores, investidores e parceiros.

“Tivemos um crescimento de 500% no número de empresas que participam desde 2014 para cá. Fortalecemos nossas ações tanto de negócios, quanto de promoção da imagem do Brasil”, comenta a diretora de Negócios da Apex-Brasil, Márcia Nejaim, que coordenou o grupo. A campanha de promoção internacional da imagem do país como parceiro de negócios, a Be Brasil, ganhou espaço em Austin, com ativações no Trade Show, em eventos realizados na churrascaria Fogo de Chão, no Lounge Be Brasil e na pintura de ônibus que circulam pela cidade.

“O Lounge Be Brasil se tornou referência para todos os brasileiros presentes ao evento e também em para investidores interessados em descobrir o cenário brasileiro de startups”, avalia Márcia Nejaim. “Este é um dos eventos mais relevantes do mundo para os setores da Economia Criativa e possibilita aos empresários um grande crescimento pessoal e profissional, a partir do entendimento e discussão das tendências e ideias que estão movimentando o mundo. Em 2018, acredito que o Brasil reforçou sua posição de protagonista no mundo quando se trata de Economia Criativa”, completa. O Be Brasil sediou um pitching em que vários brasileiros apresentaram suas empresas aos interessados.

Tracy Mann, que é da organização do festival, responsável por Negócios Internacionais, avalia que houve um grande crescimento da presença brasileira nos últimos anos. “No quinto ano da ação da Apex-Brasil aqui no SXSW, vemos um resultado significativo, não só em termos da presença de brasileiros inscritos (são mais de 1,3 mil), quanto na participação de grandes empresas brasileiras que vieram pela primeira vez este ano e que certamente não estariam aqui se não fosse pelo trabalho desenvolvido ao longo desses anos”, afirma.  Tracy ressalta a diversidade geográfica e de setores das empresas brasileiras, além da qualidade das empresas. “Percebo que o brasileiro está se preparando melhor para o festival, está entendendo como funcionam as coisas aqui e, com isso, os resultados certamente serão maiores e melhores”, completa.

Negócios brasileiros foram apresentados no lounge da Apex-Brasil na SXSW. Foto: Maria Luiza Borges/SJCC

Empresas

A Fastdezine é uma plataforma que conecta freelancers de comunicação e design com agências que demandam esse tipo de serviço. A empresa expôs sua solução no Trade Show, com excelentes retornos. “Fizemos uma reunião com um grupo de investidores que nos achou pelo aplicativo do festival e falou conosco antes de abrir o Trade Show. Eles se interessaram e indicaram clientes e parceiros que vieram conversar e conhecer nosso produto. Foi interessante porque todos que vinham já sabiam nossa proposta e sentimos que nosso modelo de negócios foi validado pelo mercado”, comemora Úrsula Aleixo, fundadora da empresa.

A Intelichat, plataforma para criação de chatbots e assistentes virtuais sem necessidade de programação, também teve ótimos contatos e boa receptividade do público do Trade Show. “Os feedbacks aqui nos mostraram que, em termos de tecnologia, estamos no mesmo nível das empresas de outros países. Tivemos boas conversas, que vamos desenvolver, com empresas do México, Inglaterra e também dos Estados Unidos. Outro caminho que percebemos é que podemos tratar nosso produto como um spin-off da empresa, que já está estabelecida no Brasil, e buscar capital de terceiros para expansão e globalização do produto”, comenta Juliano Stadlober, co-fundador da empresa.

A Bobsjet, empresa que produz um equipamento inovador para secagem e modelagem de cabelo, também sai animada do evento. “Fizemos contato com o Brinc, que é um fundo de investimento e aceleradora que trabalha só com hardware e foi muito bom. Já estávamos tentando falar com eles há algum tempo e aqui no festival conseguimos nos conectar. Eles gostaram do produto e vamos colocar nossas equipes juntas por três semanas para ver como podemos avançar em uma parceria. Isso nos dará um caminho não só para finalizar a parte de Pesquisa e Desenvolvimento, como para a produção em grande quantidade e a baixo custo”, comenta Christiane Taveira. Ela explica que o fundo tem escritórios em Hong Kong, China e Estados Unidos e já investiu em mais de 40 projetos de hardware.

Diana Moro, da Moro Filmes, produtora e distribuidora de Curitiba especializada no gênero terror, também teve encontros produtivos durante o evento. “Tivemos uma boa conversa com a distribuidora Gravitas Venture e estamos vendo uma possibilidade de intercâmbio, ou seja, eles vão distribuir algumas de nossas produções e nós vamos trazer outras deles para o mercado latino-americano. Também tivemos reuniões com a Turner e com a Blumhouse, com quem já temos relações. Interessante que pela primeira vez, estamos falando com os times deles da América do Norte e da Europa e não mais apenas com o pessoal da América Latina”, relata. Os filmes, telefilmes e séries distribuídos pela Moro Filmes, estão em exibição em canais de TV em 25 países e por sistemas de VOD em 70 países.

A arte de Kobra

O renomado artista plástico e muralista brasileiro Eduardo Kobra, que tem mais de 500 obras nas ruas do Brasil e de 17 outros países, pintou durante o festival um enorme mural na fachada da churrascaria Fogo de Chão. A obra representa a diversidade do povo brasileiro. Em uma das esquinas mais movimentadas de Austin, dezenas de pessoas pararam para ver, filmar e fotografar o artista em ação.

No hotel JW Marriot, que abrigou boa parte da programação do evento, a Apex-Brasil e a Natura montaram estúdios de beleza no Lounge Be Brasil e no Media Village, espaço que abriga a imprensa internacional no evento e recebe cerca de 800 pessoas por dia, entre jornalistas e palestrantes. O espaço brasileiro no Trade Show recebeu o estúdio Be Brasil, onde foram gravadas conversas entre empresários e influenciadores estrangeiros e brasileiros, transmitidas nas redes sociais da Apex-Brasil (@apexbrasil) e da campanha Be Brasil (@bebrasilbr).

No estúdio, Jason Blum, produtor norte-americano indicado neste ano ao Oscar pelo filme Get Out (Corra) e fundador da Blumhouse Productions, companhia pioneira em produção de filmes com micro-orçamentos, conversou com profissionais do audiovisual brasileiro, tentando entender mais da cena nacional. Estiveram com ele as produtoras O2, Los Bragas e Duo2, além da Árvore, que produz narrativas imersivas usando Realidade Virtual (VR) e outras tecnologias. Na pauta das conversas, multiplataformas, projetos de VR, entre outros temas. O estúdio também recebeu a palestra do consultor e professor Mark Schaefer, especialista em estratégia de mídias sociais e  Amber Mac, empreendedora e palestrante sobre inovação e tecnologia.