Cai a última torre funerária pré-Inca que resistia em La Paz

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 08/03/2018 às 9:34
O que restou da torre funerária atualmente (Karina Aranda/Blog Sociedad de Arqueología de La Paz)
O que restou da torre funerária atualmente (Karina Aranda/Blog Sociedad de Arqueología de La Paz) FOTO: O que restou da torre funerária atualmente (Karina Aranda/Blog Sociedad de Arqueología de La Paz)

Uma torre funerária pré-Inca de cerca de 800 anos, a última "chullpa" que restava de pé em La Paz, caiu por causa da erosão e da falta de conservação estatal, revelou Karina Aranda, da Sociedade de Arqueologia de La Paz.

O monumento funerário que não abriga restos "tinha 800 anos (e era) do reino Pacajes. Fazia parte de um conjunto funerário que constava de outras três 'chullpas'", conta Aranda. Segundo a arqueóloga, seu valor era incalculável e sua conservação teria permitido identificar os modos de vida anteriores à civilização Inca.

A torre funerária antes de ser destruída (Karina Aranda/Blog Sociedad de Arqueología de La Paz)

Outros dois "chullpares" similares, que continham restos, cerâmicas e peças líticas, foram destruídos em 2008 pelo proprietário do lote privado onde estavam localizados. As torres foram derrubadas para habilitar o terreno para a construção de moradias. O último que restava de pé na cidade caiu no fim de semana passado, e durante anos foi usado como curral de animais, relatou a pesquisadora, entrevistada pela rádio privada Erbol.

Aranda acrescentou que investigações prévias estabeleceram no local rastros de "assentamentos humanos de cerca de 3.000 anos". O reino Pacajes pode ter sido construído sobre rastros da cultura tiwanakota que se estendeu desde o Lago Titicaca. As torres funerárias, quadradas ou redondas, se encontram em todo o planalto de Bolívia e Peru, e foram construídas como a última morada de pessoas abastadas e respeitáveis.

Autoridades locais estabeleceram que ao longo do planalto boliviano existem cerca de 100 "chullperíos" ou grupos de "chullpas" que funcionavam como mausoléus. Sob o fraco controle estatal, os centros funerários sofreram os efeitos do tempo, da erosão, do clima e de saqueadores.