[Cybertech 2018] - “Estamos vendo a chegada da quinta geração de ciberataques”

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 30/01/2018 às 11:07
Cybertech TLV 2018 (Foto: Renato Mota\MundoBit)
Cybertech TLV 2018 (Foto: Renato Mota\MundoBit) FOTO: Cybertech TLV 2018 (Foto: Renato Mota\MundoBit)

Executivos de 122 países classificaram as ameaças cibernéticas como sua principal preocupação para os negócios, à frente de regulamentação, terrorismo e incerteza geopolítica - revelou um estudo da pwc lançado no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). A Cibersegurança é um assunto quente lá, e também em Israel, que recebe a edição 2018 da Cybertech esta semana.

“No ano passado, ajudamos muitas empresas após os ataques dos ransomwares Wannacry e Petya. São companhias que se perguntavam: ‘porque devemos investir em segurança digital, se não somos um banco ou uma empresa de tecnologia. A questão é que hoje, todas as empresas são de tecnologia, pois dependem dela para operar”, lembrou o executivo de Cibersegurança da pwc, Grant Waterfall.

Na visão o fundador e CEO da Chek Point, Gil Shwed, o ano de 2017 foi um ponto de inflexão na cronologia dos ataques no mundo virtual. “Estamos vendo a chegada da quinta geração de ciberataques. Invasões em grande escala, multivetorial, utilizando o ambiente na nuvem ou dispositivos móveis e objetos conectados. Tudo muito sofisticado e bancado por grandes patrocinadores”, explica.

A primeira geração de ataques hackers, na cronologia de Shwed, surgiu no final dos anos 1980, com os primeiros vírus de computador - que moviam-se lentamente, na medida que os disquetes contaminados eram compartilhados. “Nasceram também as empresas de antivírus, que cresceram na segunda geração, com a chegada da internet: um caminho mais rápido e global igualmente para os hackers”, lembra.

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Os anos 2000 trouxeram a terceira geração de ciberataques, que passaram a explorar as falhas nos aplicativos e navegadores. “Era um novo vetor de contaminação surgindo, então o papel da defesa passou a ser identificar esses ataques e bloqueá-los”, conta Shwed. A geração seguinte veio como resposta, e os malwares passaram a se mascarar como arquivos inofensivos, valendo-se de engenharia social para se espalharem.

“O problema é que 100% das empresas atualmente têm proteção contra a primeira geração (com firewalls e etc.), 50% para a terceira e apenas 7% para a quarta. No caso da quinta geração, só 2% ou 3% das companhias têm as ferramentas necessárias para se defenderem, mas de uma forma geral o mercado está 10 anos atrás dos hackers”, avalia o CEO da Check Point.

Como um próximo movimento, Shwed aposta em nano agentes dentro dos aplicativos e dos dispositivos, programados com uma inteligência artificial (alimentada por toda a comunidade) como barreira de defesa. “É preciso cobrir todos os terrenos. Prevenção em tempo real não só na rede, mas também nos datacenters, na nuvem, nos objetos conectados, nos smartphones, em tudo”, afirma o executivo. 

“Parece ficção científica, mas já é possível ser feito hoje. Mas não sem cooperação entre todos na indústria”, completa. 

*O repórter viajou a convite do Ministério do Exterior de Israel