Rochas de basalto podem conter água desaparecida em Marte

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 21/12/2017 às 9:39
AFP PHOTO / NATURE PUBLISHING GROUP / UNIVERSITY OF OXFORD / NANYANG TECHNOLOGICAL UNIVERSITY / JON WADE / JAMES MOORE
AFP PHOTO / NATURE PUBLISHING GROUP / UNIVERSITY OF OXFORD / NANYANG TECHNOLOGICAL UNIVERSITY / JON WADE / JAMES MOORE FOTO: AFP PHOTO / NATURE PUBLISHING GROUP / UNIVERSITY OF OXFORD / NANYANG TECHNOLOGICAL UNIVERSITY / JON WADE / JAMES MOORE

O que aconteceu com toda a água que outrora preenchia lagos e oceanos em Marte? Boa parte, sugeriram pesquisadores, pode estar presa em rochas.

Estudos anteriores concluíram que a água foi varrida para o espaço por potentes ventos solares quando o campo magnético do planeta entrou em colapso, enquanto uma parte foi capturada no gelo sob a superfície. Mas essa teoria não explicava toda a água que estava faltando no planeta.

Para tentar rastrear o resto, uma equipe internacional de pesquisadores colocou o modelo científico à prova. "Os resultados revelaram que as rochas de basalto em Marte podem conter aproximadamente 25% mais de água do que as da Terra e, como resultado, estas puxaram a água da superfície marciana para o seu interior", destacou uma declaração da Universidade de Oxford, cujos cientistas participaram do estudo, publicado na revista Nature.

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Como na Terra, a desagregação química e as reações hidrotermais podem mudar minerais em rochas, de secos a permeáveis à água, disse à AFP o coautor do estudo Jon Wade, de Oxford. Mas as rochas marcianas fazem isso muito melhor que as da Terra, devido a uma composição diferente.

Essas rochas teriam reagido com a água superficial de Marte, bloqueando parte dela em sua estrutura mineral, disse Wade em um e-mail. "Não é mais líquida, mas fisicamente ligada ao mineral", afirmou, o que significa que a única maneira de liberar a água seria derretendo a rocha.

Em uma Terra recém-nascida, as rochas permeáveis formadas de uma maneira semelhante teriam flutuado na superfície super-quente do planeta até derreteram, liberando água de volta à superfície, como fizeram. Mas em Marte, nem todas as rochas teriam derretido, e parte da água teria permanecido presa nas rochas que afundavam direto para o manto. "Marte estava condenada pela sua geoquímica!", disse Wade.

A água líquida é um pré-requisito para a vida como a conhecemos. E apesar do vizinho da Terra estar seco e empoeirado hoje, acredita-se que já foi um planeta molhado. Em 2015, a Nasa disse que quase metade do hemisfério norte de Marte já havia sido um oceano, atingindo profundidades superiores a 1,6 quilômetro.

Mais tarde naquele ano, um estudo anunciou a descoberta de "água" remanescente no planeta, na forma de fluxos de salmoura.