Bitcoin supera pela primeira vez os 15.000 dólares

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 07/12/2017 às 8:28
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O preço do bitcoin prosseguia sua disparada nesta quinta-feira e superou pela primeira vez na história a barreira dos 15.000 dólares, registrando um aumento de mais de 50% em uma semana.

A moeda virtual atingiu a marca de 15.075,02 dólares, novo recorde histórico, às 10H05 GMT (8H05 de Brasília), antes de recuar levemente, de acordo com a agência Bloomberg. Há uma semana, o Bitcoin rompeu pela primeira vez a barreira dos 10.000 dólares, mantendo sua trajetória estratosférica que a levou a multiplicar por dez seu valor em um ano.

Comprado e vendido em plataformas especiais na Internet, a moeda criptografada era negociada a 5.000 dólares, um terço do valor alcançado na quarta-feira. Uma alta espetacular, levando-se em conta que começou o ano em torno dos 1.000 dólares, antes de cair como costuma acontecer. Por enquanto, continuará subindo, já que "não se vê no horizonte nenhum fator suscetível de fazê-lo baixar", disse à AFP Shane Chanel, do gabinete ASR Wealth Advisers em Sydney.

Sem existência física, o bitcoin lançado em 2009, apoia-se em um sistema de pagamento entre pessoas P2P baseado em uma tecnologia denominada "blockchain". Essa moeda virtual é comprada e vendida em plataformas específicas de Internet e não tem marco jurídico.

Não é regido por um Banco Central, ou por um governo, mas por uma grande comunidade internacional, e é aceita em um número crescente de transações (restaurantes, setor imobiliário, etc.). De uso polêmico, essa moeda levanta inúmeras críticas, em particular de instituições financeiras, como os bancos, e de governos, porque não podem controlá-la.

- Alternativa ou golpe -

"Isso é uma bolha, e tem muita espuma. Essa vai ser a maior bolha das nossas vidas", advertiu o gerente de "hedge fund" Mike Novogratz durante uma conferência de criptomoedas realizada na terça em Nova York.

Em meados de setembro, o presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, afirmou que o bitcoin é uma "fraude" prestes a explodir. "É a própria definição de uma bolha", disse recentemente o diretor do Crédit Suisse Tidjane Thiam.

Os altos e baixos do bitcoin despertam o temor de uma explosão especulativa: em seu lançamento, em fevereiro de 2009, um bitcoin valia apenas alguns centavos de dólar. Em setembro, a China proibiu as transações com moedas criptografadas nas plataformas do país, afirmando que queria combater "atividades ilegais" e conter riscos potenciais para seu sistema financeiro.

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A decisão chinesa desestabilizou momentaneamente o mercado, mas a cotação retomou rapidamente sua ascensão. Seus defensores afirmam que o bitcoin oferece uma alternativa segura às divisas tradicionais: a "blockchain" impediria que as transações sejam falsificadas porque, para modificar uma informação, seria preciso mudá-la simultaneamente entre todos os usuários.

Essa caraterística interessa muito ao setor bancário, onde a "blockchain" poderia abrir novos horizontes, simplificar as transações de títulos desmaterializados e reduzir custos. O americano CME, um dos maiores operadores financeiros do mundo, anunciou no final de outubro que vai oferecer produtos derivados que permitam especular com o bitcoin.

Em Wall Street, o banco de negócios Goldman Sachs também contempla especular para seus clientes, declarou à AFP no início de outubro uma fonte próxima à entidade. Seu concorrente JPMorgan Chase também se declarou "muito aberto" às criptomoedas "controladas e reguladas adequadamente".