EUA proíbe softwares da russa Kaspersky em computadores do governo

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 14/09/2017 às 13:55
AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV
AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV FOTO: AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV

O governo americano proibiu o uso do software de segurança Kaspersky em escritórios federais, alegando que a empresa russa tem laços perigosos com a Inteligência da Rússia que ameaçam a segurança nacional americana.

A secretária interina de Segurança Interna Elaine Duke mandou todos os escritórios governamentais removerem e substituírem qualquer programa anti-hacker da popular empresa em até 90 dias.  "O Departamento está preocupado com o laços entre certos funcionários da Kaspersky e a Inteligência da Rússia e outras agências governamentais", disse Duke em nota.

Ela também expressou sua preocupação de que agências de inteligência russas possam requerer ou obrigar a Kaspersky a colaborar, inclusive interceptando mensagens que passam pelas redes russas.

"O risco de que o governo russo, seja por ação própria, ou em colaboração com a Kaspersky, possa capitalizar com o acesso provido pelos produtos Kaspersky para comprometer informações federais e sistemas de informações implica diretamente a segurança nacional dos EUA", afirmou Duke.

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Essa proibição surge em meio ao aumento da tensão entre Rússia e Estados Unidos acerca da suposta interferência de Moscou na eleição presidencial americana no ano passado. A Kaspersky já achava que o governo iria interromper seus negócios, de acordo com as empresas concorrentes dos EUA.

"Concorrência desleal"

O Kremlin chamou de "concorrência desleal" a decisão de Washington. "É claro, esses atos fazem parte da concorrência desleal e das violações de todos os padrões comerciais internacionais", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.

 

Esta decisão "certamente pretende minar as posições das empresas russas competitivas no cenário internacional. Neste caso, as do laboratório Kaspersky", criticou Peskov. A Rússia "lamenta" essa proibição e continuará a "proteger os interesses e apoiar essas empresas", garantiu.

"De modo geral, essa conduta lança uma sombra na imagem dos nossos colegas americanos como parceiros confiáveis", acrescentou o porta-voz do Kremlin.

Multinacional

A Kaspersky Labs, que produz softwares antivírus muito populares e exporta 85% de suas vendas, nega qualquer conexão com as autoridades russas, alegando ser "injustamente acusada sem provas concretas". Com sede em Moscou, a Kaspersky vende seus softwares populares e bem avaliados no mundo todo há duas décadas. Cerca de 85% dos seus negócios são realizados fora da Rússia, inclusive com diversos governos, de acordo com a empresa.

"A Kaspersky Lab não tem laços inapropriados com qualquer governo, por isso nenhuma prova confiável foi apresentada publicamente por nenhuma pessoa ou companhia para sustentar as alegações falsas feitas contra a empresa", disse a companhia à AFP por e-mail.

"A única conclusão parece ser que a Kaspersky Lab,uma empresa privada, está envolvida no meio de briga geopolítica e está sendo tratada injustamente, apesar de a empresa nunca ter ajudado, como nunca ajudará, nenhum governo com ciberespionagem, ou esforços cibernéticos ofensivos".

O fundador e CEO da empresa, Eugene Kaspersky, disse que se ofereceu vários vezes para apresentar o código fonte da empresa a oficiais americanos para uma auditoria, mas que não teve a oportunidade de fazê-lo.