Nasa detalha missão que pretende levar sonda à atmosfera do Sol

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 01/06/2017 às 8:30
AFP PHOTO / NASA/GSFC/Solar Dynamics Observatory
AFP PHOTO / NASA/GSFC/Solar Dynamics Observatory FOTO: AFP PHOTO / NASA/GSFC/Solar Dynamics Observatory

Uma nova missão da Nasa pretende se aproximar do Sol mais do que qualquer nave espacial da história para revelar como as estrelas se formam, anunciou a agência espacial dos Estados Unidos nesta quarta-feira.

Após o lançamento no Centro Espacial Kennedy na Flórida, em julho de 2018, a sonda Parker Solar Probe se tornará a primeira a voar diretamente para a atmosfera do Sol, conhecida como corona. O plano para a nave espacial não tripulada é orbitar a 6,3 milhões de quilômetros da superfície do Sol.

As temperaturas nessa região excedem 1.377 graus Celsius, e por isso a nave espacial está equipada com um escudo de carbono-compósito de 11,43 centímetros de espessura.

Aproximadamente do tamanho de um carro pequeno, a sonda fará sete sobrevoos pelo Sol durante um período de sete anos, no que a Nasa descreveu como uma "missão de extremos". A velocidade da nave alcançará cerca de 690.000 km/h.

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Os cientistas esperam que seus dados melhorem as previsões de tempestades solares e eventos meteorológicos espaciais que afetam a vida na Terra, satélites e astronautas no espaço.

A nave espacial irá medir ondas de plasma e partículas de alta energia, e levará um dispositivo para capturar imagens das estruturas através das quais voará, de acordo com Nicola Fox, cientista do projeto da missão no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland.

"Vamos passar muito perto" do Sol, disse Fox em um evento em Chicago para revelar a missão, que a Nasa considera prometedora para fornecer as observações mais próximas de uma estrela que a humanidade pode obter neste momento.

"Você pode aprender muito olhando pela janela", disse Fox. "Você pode ver o sol brilhar, você pode ver os pássaros cantando. Mas até você sair, você não tem ideia de quão quente é lá fora ou de quanto vento há, ou como são as condições". "Acredito que chegamos o mais longe possível olhando para as coisas, e agora é hora de subir e fazer uma visita", acrescentou.

Uma janela de lançamento de 20 dias para a decolagem da nave espacial em um foguete Delta IV Heavy terá início em 31 de julho de 2018.

- Missão rebatizada -

Dr. Eugene Parker. Foto: Scott Olson/Getty Images/AFP

Inicialmente chamada Solar Probe Plus, a missão foi renomeada em homenagem ao astrofísico Eugene Parker, de 89 anos, professor emérito na Universidade de Chicago.

Ele publicou o primeiro artigo a descrever o vento solar - o magnetismo e a matéria de alta velocidade que escapam constantemente do sol -, em 1958.

"Esta é a primeira vez que a Nasa batiza uma nave espacial em homenagem a um indivíduo vivo", disse Thomas Zurbuchen, administrador associado da direção da missão científica da agência em Washington. "É um testamento da importância do seu trabalho, que fundou um novo campo da ciência que inspirou minha própria pesquisa e muitas questões importantes da ciência", acrescentou.

Parker, a poucos dias de completar 90 anos, descreveu a missão como "muito emocionante". Os cientistas gostariam "de ter algumas medidas mais detalhadas do que está acontecendo no vento solar", disse.

"Tenho certeza de que haverá surpresas", acrescentou. "Sempre há".

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