[Review] - Assassin's Creed

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 10/01/2017 às 14:31
Assassin's Creed FOTO:

Confesso que já entrei no cinema para a cabine de imprensa de Assassin's Creed anestesiado - e com a expectativa lá embaixo. Apesar do filme só chegar aos cinemas brasileiros dia 12 próximo (aka quinta-feira), ele estreou nos Estados Unidos um mês atrás. E foi massacrado pela crítica.

O longa está com 17% no Rotten Tomatoes - entre as menores notas dos filmes recentes. Entrei na sala esperando uma bomba. Mais uma na longa lista de filmes adaptados de games. Pior: uma que talvez enterre as chances desse gênero prosperar, já que por ter sido produzido pela própria Ubisoft, responsável também pelos jogos, esperava que a história dos Assassinos se salvasse da maldição.

Mas, quando a sessão encerrou, minha primeira reação foi: "Ué? Acabou? Nem foi tão ruim assim...". A todo momento fiquei aguardando a hora que a trama daria uma guinada para o absurdo, e o filme descambaria para o fracasso total. Porém, isso não aconteceu. Assassin's Creed não é tão ruim assim. Não é ótimo. Pode ser até considerado bom, divertido (ou distraído). Mas definitivamente não é horrível.

Primeiramente, sou fã da série de jogos. Muito mesmo. Joguei quase todos os que foram lançados (inclusive os spin-off de plataforma e as versões portáteis) e li alguns dos quadrinhos e livros. É o tipo de game que eu costumo pegar já no lançamento - a mistura de mundo aberto com reconstrução história me cativou desde a Jerusalém medieval e a dedicação segue até a Inglaterra vitoriana. Desde sempre, Assassin's Creed é uma série multiplataforma, com um universo grande o suficiente para vazar para animações, livros, quadrinhos e... filmes! Foi exatamente isso que o longa metragem me pareceu: mais um produto da saga.

O filme conta com um elenco estelar. Michael Fassbender é o protagonista e o produtor, e teve ao seu lado o diretor Justin Kurzel, com quem trabalhou junto na mais recente adaptação de Macbeth (2015). Também repetindo a dose da adaptação de Shakespeare, veio a outra protagonista, a sempre maravilhosa Marion Cotillard. Completam o casting  Jeremy Irons, Brendan Gleeson, Charlotte Rampling e Michael K. Williams. Nunca um filme de game foi tão prestigiado.

Marion Cotillard (diva!) e Michael Fassbender em Assassin's Creed Marion Cotillard (diva!) e Michael Fassbender em Assassin's Creed

A trama não adapta diretamente o enredo de nenhum dos jogos, ao invés disso traz um novo protagonista, um novo cenário histórico e modifica alguns dos conceitos apresentados nos games. Mas resumindo, é a mesma coisa: Assassinos e Templários disputam o poder desde que o mundo é mundo, cada um com sua convicção. No presente, os templários capturam um descendente de um assassino, para a partir das suas memórias genéticas acessar o antepassado famoso e buscar um artefato místico que pode desequilibrar o conflito.  Para isso, colocam o sujeito numa máquina chamada Animus, que permite ao assassino reviver momentos da vida do seu antepassado como se estivessem no mesmo lugar.

Para o filme, o Animus deixou de ser só uma cadeira de dentista hi-tech e passou a ser um braço mecânico, que faz com que Callum Lynch (Fassbender) não só viva as aventuras de Aguilar de Nerha (Fassbender maquiado) na Espanha de 1492 dentro da sua cabeça, mas também fisicamente, num ambiente projetado onde os templários, inclusive a cientista Sophia Rikkin (Cotillard, um deleite como sempre), filha do chefão templário local, Alan Rikkin (Jeremy Irons).

Em um ponto o filme de Assassin's Creed é uma adaptação PERFEITA dos jogos: a trama de Aguillar na inquisição espanhola é muito mais divertida do que a de Lynch no presente.  Assim como nos games, você quer que ele entre logo no Animus para voltarmos à trama de época. E olha que tiveram um trabalhão para deixar Lynch um personagem mais interessante que Desmond Miles, com ele sendo condenado a morte, com um passado traumático e tal (além do fato das cenas no presente terem Marion Cotillard), mas quando as cenas expositórias se alongam muito, bate uma saudade da Andaluzia reconstruída....

Andaluzia, 1492. Assassin's Creed Andaluzia, 1492. Assassin's Creed

Falando nisso, as cenas de ação são de longe o ponto alto do filme. Se os personagens não convencem muito, quando a porradaria come solta filme e game se aproximam - especialmente nas cenas de fuga pela cidade histórica, onde o famoso parkour dos jogos se sobressai. Perto do fim, o filme parece que não vai acabar mais (a trama entra praticamente num "quarto ato") que acaba cansando, mas pelo menos serve para entregar um filme mais redondo e com algumas pontas soltas para continuações.

Se você é fã dos games, vale a pena sair de casa para ver Assassin's Creed. Se você não é, calcule esse investimento com parcimônia e veja num dia que o ingresso é mais barato. Mas não acredite em toda propaganda negativa que esse filme está recebendo por aí. Lembre-se do Credo dos Assassinos: "Nada é verdade. Tudo é permitido"

Assassin's Creed - Assassin's Creed
Assassin's Creed - Assassin's Creed
Assassin's Creed - Assassin's Creed
Assassin's Creed - Assassin's Creed
Assassin's Creed - Assassin's Creed
Assassin's Creed - Assassin's Creed
Assassin's Creed - Assassin's Creed