Escolas públicas do Grande Recife terão aulas de programação para Ensino Fundamental e Médio

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 26/10/2016 às 10:26
Foto: Ademar Filho/SEE
Foto: Ademar Filho/SEE FOTO: Foto: Ademar Filho/SEE

(Atualizada com a relação das escolas)

Nove escolas públicas do Recife receberão a primeira etapa do projeto Pernambucoders, que levará aulas de programação para alunos do ensino médio e fundamental. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Educação de Pernambuco (SEE) e o Porto Digital, junto com o CESAR, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Softex. O lançamento da iniciativa será amanhã (27) na incubadora Jump, no bairro de Santo Amaro.

De acordo com o Gerente de Projetos do CESAR, Felipe Furtado, a ideia é que os jovens possam aprender a ler e a programar quase na mesma época. "O objetivo do Pernambucoders é fazer com que os alunos da rede estadual possam aprender conteúdos de programação desde cedo, promovendo melhoria da qualidade e aumento da quantidade de candidatos aos cursos de computação e consequentemente dos profissionais disponíveis pra trabalhar e empreender em TICs no Estado".

As nove escolas do Ensino Fundamental II que já estão participando do programa são a Ministro Jarbas Passarinho, de Camaragibe, e as recifenses Escola Eneida Rabelo, do Jordão Alto e Conego Rochael de Medeiros, de Santo Amaro. Outras três unidades são do Ensino Fundamental regular: Saturnino de Brito, de Prazeres (Jaboatão dos Guararapes), Guedes Alcoforado, do Varadouro (Olinda) e a Escola Estadual de Paulista. Por fim, foram selecionadas três Escolas de Referência em Ensino Médio (EREM): a Porto Digital, do Bairro do Recife, a Floriano Peixoto, de Ouro Preto (Olinda) e a Augusto Severo, de Piedade (Jaboatão dos Guararapes).

"Buscamos escolher unidades de ensino que estivessem em regiões de baixa renda, para poder dar a esses estudantes a oportunidade de se qualificarem melhor. Da mesma forma, buscamos descentralizar a escolha da capital, uma vez que não poderíamos levar o projeto para o interior, já que os monitores e tutores estão no Recife", explica o secretário estadual de Educação, Fred Amancio.

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O método que será utilizado é o Code Club, uma rede mundial de clubes de programação para crianças. “Pelas experiências anteriores, o resultado dessa incorporação é sempre positivo. Além de despertar o interesse dos alunos para a área, o projeto contribui para o desenvolvimento, nos estudantes, de atributos como raciocínio lógico, concentração, criatividade, capacidade de resolução de problemas, comunicação e trabalho em equipe, além de aumentar o desempenho nas matérias do ensino regular”, explica Furtado.

Outro resultado importante observado é o aumento da adesão aos cursos universitários de programação. Para a realização do projeto, foram treinados 18 bolsistas de graduação em licenciatura em Computação da UFRPE para que se tornassem monitores do projeto. Cada escola deverá contar com duas turmas por semestre, sendo cada uma com capacidade para 25 a 30 alunos. Todos os tutores e monitores receberão uma bolsa pela participação no programa.

"Queremos despertar nos estudantes a vocação para a área de Computação. Uma vocação que já existe no Estado, e que carece de mão de obra especializada. Com esse programa, esperamos também que o desempenho dos alunos - de uma forma geral, não só no clube de programação - tenha um ganho exponencial, como vemos acontecer com os cursos de robótica que já foram aplicados", afirma o secretário de Educação.

Os efeitos do projeto Pernambucoders serão avaliados pelo Núcleo de Coordenação e Estudos, que acompanhará e analisará a evolução dos alunos, além de avaliar os impactos da iniciativa no aprendizado. Ao final de dois anos, tempo de duração do projeto, uma estratégia será proposta para que a SEE incorpore a iniciativa e ela seja conduzida de forma definitiva na rede pública de ensino. "Acredito que no futuro a programação poderá fazer parte do ensino formal dos jovens. Em outros países já vemos isso acontecer, e com estudantes ainda mais novos", completa Fred Amancio.

“Esse projeto já vem sendo implementado em diferentes lugares. Na Inglaterra, por exemplo, muitas crianças têm aula de programação a partir dos cinco anos de idade. Em San Francisco, nos Estados Unidos, foi criada a meta de oferecer disciplinas na área de computação, fazendo o assunto parte obrigatória do currículo até a oitava série. Sabemos que estimular as crianças ensinando programação desenvolve habilidades comportamentais e criativas relacionadas à inovação”, comenta Felipe.