Nasa anuncia possíveis colunas de vapor de água em lua de Júpiter

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 27/09/2016 às 12:40
EUROPA FOTO:

Jean-Louis Santini (AFP)

Astrônomos da Nasa revelaram nesta segunda-feira que detectaram colunas de vapor de água sobre a superfície de gelo de Europa, uma das luas de Júpiter, sob a qual há um oceano.

"O oceano de Europa é considerado um dos lugares mais promissores no sistema solar onde potencialmente pode existir vida", disse Geoff Yoder, diretor interino da Nasa para a Ciência.

Europa contém um vasto oceano, com o dobro de água de todos os oceanos terrestres reunidos, que se encontra sob uma crosta de gelo extremamente fria e muito dura, cuja espessura é desconhecida.

"Essas colunas de vapor, se sua existência for confirmada, poderiam oferecer outro meio para obter amostras de água que se encontra debaixo do gelo", acrescentou. Aparentemente, as colunas alcançavam cerca de 200 km de altitude, deixando cair materiais sobre a superfície da lua.

Durante as dez observações da passagem de Europa diante de Júpiter, efetuadas em um período de 15 meses, em três ocasiões foi possível perceber o que poderiam ser gêisers, detalharam os cientistas.

Com a ajuda de emissões de raios ultravioleta do telescópio espacial Hubble, esses potenciais gêiseres foram observados no extremo sul da Europa e aparecem como "manchas escuras", explicou William Sparks, astrônomo do Space Telescope Science Institute, em Baltimore.

Sparks é o autor principal dessas observações, que serão publicadas na próxima edição da revista americana Astrophysical Journal.

Apesar de que não puderam afirmar com exatidão que realmente se trata de colunas de vapor de água, os astrônomos consideram tal possibilidade "substancial".

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Conclusões coincidentes

"Quero enfatizar que as observações estão no limite do que o Hubble é capaz de fazer", disse Sparks, que advertiu que são necessários mais testes para que os cientistas tenham certeza de que se trata de colunas de vapor de água, seja com o telescópio Hubble ou com outra técnica de observação independente.

"Não afirmamos que provamos a existência de colunas de vapor de água, senão que oferecemos provas de que pode existir tal atividade", esclareceu.

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Em 2012, outra equipe científica dirigida por Lorenz Roth, do Southwest Research Institute, em San Antonio, detectou vapor de água saindo da superfície da Europa, na região do polo sul, alcançando 160 km no espaço.

As duas equipes usaram o mesmo instrumento do Hubble para fazer suas observações, um espectrógrafo, mas aplicaram métodos totalmente diferentes e chegaram à mesma conclusão.

Se a existência dessas colunas de vapor de água for confirmada, Europa será a segunda lua no sistema solar conhecida por contar com esses fenômenos.

Em 2005, emissões como estas foram detectadas, pela sonda Cassini da Nasa, na superfície da Encélado, uma das luas de Saturno.

(FILES) This NASA file photo from November 22, 2014 shows a global color view of the surface of Jupiter's icy moon Europa in this color view, made from images taken by NASA's Galileo spacecraft in the late 1990s. NASA on September 26, 2016 at a news conference at 2 pm (1800 GMT) Monday featuring Paul Hertz, NASA's director of astrophysics, and William Sparks, an astronomer with the Space Telescope Science Institute in Baltimore, is expected to announce results from a unique Europa observing campaign that resulted in surprising evidence of activity that may be related to the presence of a subsurface ocean. - RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / NASA/JPL-CALTECH/SETI INSTITUTE" - NO MARKETING - NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS / AFP / NASA/JPL-Caltech/SETI Institute / Handout / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / NASA/JPL-CALTECH/SETI INSTITUTE" - NO MARKETING - NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS NASA/JPL-CALTECH/SETI INSTITUTE

A Nasa anunciou no ano passado que pretende enviar uma nave robótica equipada com instrumentos científicos para dar voltas ao redor de Europa na década de 2020.

O objetivo dessa missão não será encontrar vida, mas medir a habitabilidade de Europa, ou seja, ver se existem as condições necessárias para que organismos vivos possam subsistir nesta lua, que orbita Júpiter a cada três dias e meio.

A próxima geração de telescópios espaciais da Nasa, o James Webb Space Telescope, será lançada em 2018 com o objetivo de buscar sinais de água em Europa.