As primeiras horas da Campus Party Weekend Recife 2016

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 20/08/2016 às 22:05
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Usar adjetivos como "maior", "menor", "melhor" ou "pior" para comparar a Campus Party Weekend Recife 2016 com as outras edições do evento é um troço bem injusto. Muita coisa mudou de julho de 2015 para cá - a maior parte delas para pior. Então, dadas as condições atuais, os campuseiros e a cidade saíram no lucro este ano: tiveram um evento grande e com atrações bacanas, apesar do pouco tempo que a organização teve para montá-lo, e ainda manteve a tradição de receber uma Campus anualmente.

Mas o clima no Classic Hall (que voltou a ser a casa da CPRec depois de receber as edições de 2012 e 2013) era diferente do que os veteranos da feira estavam acostumados. Sem as bancadas onde os campuseiros plugavam seus desktops e notebooks, o público foi incentivado a interagir mais entre si. "O desafio dessas 24 horas é encontrar e conhecer pelo menos uma pessoa que mude sua vida", disse Bruno Souza, o Javaman, mestre de cerimônias da tarde/noite.

Francesco Farruggia, presidente da Campus Party. Foto: Diego Nigro/JC Imagem Francesco Farruggia, presidente da Campus Party. Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Durante a abertura oficial do evento, o presidente da Campus Party, Francesco Farruggia, fez questão de destacar a importância que a cidade tem na história da feira. "O Brasil foi o primeiro país a ter duas Campus e o Recife foi escolhido pela importância que tem no desenvolvimento da Tecnologia no País. Estamos hoje num momento delicado da economia em tivemos mudar o formato do evento. Mas nem por isso fomos menos criteriosos com a escolha das atrações. Muito pelo contrário, temos em 2016 menos horas de atividades, mas com mais conteúdo", afirmou.

Essa declaração seria posta a prova logo em seguida. A primeira palestra da CPRec5 foi a mais antecipada pelos campuseiros. Paul Zaloom, o eterno Beakman, dominou o palco com uma apresentação em dois atos. No primeiro, convidou o público para experiências científicas curiosas, como fazia em seu programa de TV nos anos 90. No segundo momento, já sem o jaleco verde e a peruca, contou como um manipulador de fantoches de Nova York se tornou uma das figuras mais queridas da divulgação científica. "Já ouvi muitas pessoas dizerem que se tornaram cientistas por minha causa. Sabe quando vou cansar disso: Nunca", lembrou.

Paul "Beakman" Zaloom conquistou o público com sua mistura de irreverência e ciência. Foto: Diego Nigro/JC Imagem Paul "Beakman" Zaloom conquistou o público com sua mistura de irreverência e ciência. Foto: Diego Nigro/JC Imagem

A apresentação de Beakman, entretanto, começou cerca de uma hora de atraso. A organização preferiu esperar que a grande fila do lado de fora pudesse entrar na arena para ver o show. A lentidão, causada pela necessidade de credenciamento de todos os campuseiros, é normal no primeiro dia da Campus. O problema é que essa Campus teve só um dia. Por sinal, essa foi outra diferença que os veteranos perceberam em 2016: como não havia bancadas, poucas pessoas levaram computadores e então não existiu o credenciamento do equipamento e nem as revistas na entrada e na saída do evento.

A fila do lado de fora só diminuiu depois das 15h. Foto: Diego Nigro/JC Imagem A fila do lado de fora só diminuiu depois das 15h. Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Depois de Beakman, o público de pouco mais de 3 mil pagantes (maior do que as edições que foram realizadas no próprio Classic Hall) de dispersou para os outros palcos. Empolgação por parte dos campuseiros não faltou, já que todos as palestras e workshops estavam bem cheios. Da mesma forma, os espaços reservados para descanso e qualquer lugar que tivesse uma tomada. Se encontrar um lugar no formato antigo da Campus já era difícil, no formato Weekend virou prova olímpica.

Com o passar das horas, o evento foi esfriando (com exceção da disputa de pênaltis entre Brasil e Alemanha na final das Olimpíadas do Rio). Como disse lá em cima, o clima era outro. "Está mais com cara de congresso, com as pessoas vendo as palestras ou conversando. Não tem a 'zueira' das outras Campus", conta o designer Júnior Lima, veterano das edições de 2014 e 2015. Verdade, já que até às 21h do sábado, não tinha rolado nenhum Pica-Pau descendo as cataratas num barril, ou vídeo do Gandalf ao som do sax, ou correria por causa dos brindes dos patrocinadores e raríssimos "oooooooooooooooooo".

A disputa por espaço nos sofás foi ferrenha. Foto: Diego Nigro/JC Imagem A disputa por espaço nos sofás foi ferrenha. Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Do lado de fora,  a Open Campus não parou um minuto. Além do palco de Empreendedorismo, a área externa recebeu a etapa estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), com 315 equipes. "Quatro quintos delas são de escolas públicas. A evolução que temos observado desde a implementação da Robótica no currículo das escolas municipais é incrível. Em dois anos já tivemos um 8º lugar no mundial", conta o engenheiro do Cesar, Herique Foresti, da Robolivre.

Mesmo mais curta, a Campus Party não perdeu o status de "carnaval dos nerds" que ganhou no coração dos pernambucanos - e também de quem vem de fora. O estudante de ciências da computação de Caicó (RN), Rafael Nóbrega, que veio a sua primeira Campus, conta que o evento está sendo bem proveitoso. "Vim pelo conteúdo de TI e estou gostando muito. Conheci pessoas da minha área e estou empolgado para virar a noite aqui", afirma o estudante, que enfrentou 7 horas de estrada para chegar ao Recife. "A Campus Brasil, em São Paulo, é inviável financeiramente para mim. Ter o evento no Recife é importante para toda região", completa.

Galerinha da OBR que uma vaga no mundial. Foto: Diego Nigro/JC Imagem Galerinha da OBR que uma vaga no mundial. Foto: Diego Nigro/JC Imagem