Justiça americana quer que Apple desbloqueie iPhones para investigações

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 17/02/2016 às 14:27
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Não é só no Brasil que a Justiça bate cabeça com as empresas de tecnologia. Nos Estados Unidos, depois que a polícia não conseguiu acessar as informações do smartphone de um acusado de terrorismo, um juiz determinou que a Apple crie alguma espécie de "backdoor" no iOS para que o FBI possa ter acesso aos aparelhos dos investigados.

Em uma carta aberta publicada no site da empresa, o CEO da companhia, Tim Cook, diz que é contra a ordem judicial em favor da privacidade dos usuários:

"O governo dos Estados Unidos exigiu que a Apple desse um passo sem precedentes que ameaça a segurança dos nossos clientes. Opomo-nos a esta ordem, que tem implicações muito além do processo judicial em questão. Esse momento exige discussão pública, e queremos que os nossos clientes e pessoas em todo o país entendam o que está em jogo", afirmou Cook.

Nos dias que se seguiram ao ataque (que ocorreu em novembro passado) a Apple e o FBI têm trabalhado juntos para tentar fornecer dados do aparelho. "Fizemos tudo o que está dentro de nosso poder e dentro da lei para ajudá-los", disse Cook. O problema é que a Justiça americana acha que basta o CEO da Apple colocar o dedo dele no Touch ID de qualquer iPhone que ele magicamente será desbloqueado. Não é assim.

"No mundo digital de hoje, a 'chave' para um sistema criptografado é um pedaço de informação que desbloqueia os dados, e que é tão seguro quanto as proteções em torno dele. Uma vez que a informação é conhecida, ou uma maneira de contornar o código é revelado, a criptografia pode ser derrotado por qualquer pessoa com esse conhecimento", explica Cook.

Então, a Justiça ordenou que a Apple dê um jeito para que os dados dos iPhones possam ser acessíveis aos investigadores, através de modificações no iOS. "Especificamente, o FBI quer que a gente faça uma nova versão do sistema operacional do iPhone, contornando vários recursos de segurança importantes, e instalá-lo em um iPhone recuperado durante a investigação. Nas mãos erradas, este software - que não existe hoje - teria o potencial para desbloquear qualquer iPhone em posse física de alguém", conta o executivo.

O receio da empresa é que uma vez criada, essa técnica possa ser usada outras vezes, em qualquer número de dispositivos. "No mundo físico, seria o equivalente a uma chave mestra, capaz de abrir centenas de milhões de fechaduras - de restaurantes e bancos para as lojas e casas. Nenhuma pessoa razoável pode achar que isso é aceitável".